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População pobre é contra o impeachment, diz presidente de federação de favelas

31/03/2016 17h59

O presidente da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro (Faferj), Rossino Castro Diniz, disse hoje (31), ao participar de manifestação contra o impeachment no centro do Rio, que a população favelada do país, as camadas mais pobres, beneficiários dos principais programas sociais do governo, são contrários ao que chamou de tentativa de golpe contra a presidenta Dilma Rousseff e vão se manifestar ao longo do processo.

Convocado pela Frente Brasil Popular em várias cidades do Brasil, no Rio, o Ato pela Democracia ocorre no Largo da Carioca, no centro da cidade. Desde as 16h, lideranças políticas, sindicais, da sociedade civil e artistas se revezam em um palco montado no local. Apesar do grande número de pessoas, o clima é pacífico, sem a presença ostensiva de soldados da Polícia Militar.

"Isto que está acontecendo aqui é só o início, porque o povo ainda está se conscientizando e o pessoal de favela demora mais para entender o que está ocorrendo. Quando eles forem botar [o impeachment] em votação, nós vamos colocar mais de um milhão de pessoas em Brasília. Os programas do governo beneficiaram a classe menos favorecida, o povo da favela. Quando eles entenderem que podem perder isso, o caldo vai engrossar. E você pode ter certeza, não vai ter golpe", disse Diniz.

Durante a manifestação, alguns participantes compararam o atual momento político do país às crises vividas pelos ex-presidentes Getúlio Vargas, em 1954, e João Goulart, em 1964. Para a professora de história aposentada Lúcia Miranda Boaventura, por trás dos golpes políticos sempre estiveram o capital internacional e as elites locais.

"Os interesses internacionais não querem admitir um país forte no Hemisfério Sul. Hoje, a elite que está no domínio é a financeira, que ganha fortunas na especulação e não gera empregos. É o dinheiro dela que sustenta parte desse Congresso e que deixa esses políticos milionários", disse.

Para o diretor de base do Sindicato da Construção Civil de Volta Redonda, Evaldo Antônio de Oliveira, um dos riscos de um eventual golpe político é a perda de direitos dos trabalhadores, principalmente quanto às garantias previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

"Eles querem tirar os nossos direitos. Se sair a Dilma, nossos direitos vão embora. O trabalhador está preocupado com isso. Se tiver esse golpe, vai ser pior para a economia."