Topo

Bretas aceita denúncia e Cabral se torna réu pela 22ª vez na Lava Jato

O ex-governador Sérgio Cabral está preso desde novembro de 2016 - Giuliano Gomes/PR Press/Estadão Conteúdo
O ex-governador Sérgio Cabral está preso desde novembro de 2016 Imagem: Giuliano Gomes/PR Press/Estadão Conteúdo

Vitor Abdala

Da Agência Brasil, no Rio

05/04/2018 11h18

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (MDB), que já acumula cinco condenações em ações da Lava Jato, tornou-se réu pela 22ª vez por decisão do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. No total, em processos já julgados pela Justiça federal, as penas aplicadas somam cem anos de prisão.

A denúncia recai sobre Cabral e outras 11 pessoas no âmbito da Operação Jabuti, que revelou esquema de lavagem de dinheiro envolvendo agentes públicos e a Fecomércio-RJ (Federação do Comércio do Estado do RJ).

Narra o MPF (Ministério Público Federal) que o ex-presidente da Fecomércio-RJ Orlando Diniz, também réu, ofereceu vantagens indevidas ao ex-governador em benefício de empresas associadas à federação.

Diniz também teria, a pedido do emedebista, agido para empregar funcionários fantasmas no sistema Sesc/Senac (que abrange o Serviço Social do Comércio e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).

O esquema teria movimentado quase R$ 6 milhões, de acordo com os investigadores.

Ainda segundo o MPF, Diniz se valeu por diversas vezes do esquema de lavagem de dinheiro comandado por operadores financeiros de Cabral para ocultar e dissimular a origem ilícita de dinheiro.

A denúncia foi aceita pelo juiz federal Marcelo Bretas na última terça-feira (3).

Penas somam cem anos

Em 2 de março, Cabral foi condenado pela quinta vez na Lava Jato, dessa vez por lavagem de dinheiro por meio de compra de joias e pedras preciosas da H.Stern. Na ocasião, Bretas determinou sentença de 13 anos e quatro meses de prisão. No total, as penas já aplicadas ao ex-governador somam cem anos de reclusão.

O ex-chefe do Executivo fluminense já havia sido condenado a 87 anos em outras quatro ações --uma julgada pelo juiz Sergio Moro, responsável pelos casos da Lava Jato em Curitiba, e as outras por Bretas:

Acusado de liderar uma organização criminosa e cobrar 5% propina (taxa de oxigênio) sobre o valor das obras do Estado.

Acusado de receber propina do empresário Eike Batista.

Acusado de receber propinas nas obras do Comperj (Complexo Petroquímico do Estado do Rio).

Acusado de lavar dinheiro com a compra de carros e imóveis.

Em relação ao processo que investigou a compra de joias na H.Stern, a advogada Adriana Ancelmo, mulher de Cabral, também foi condenada, assim como Carlos Miranda e Luiz Carlos Bezerra, apontados como principais operadores financeiros do ex-governador.