Juros sobem e sinalizam possível alta da Selic em abril

São Paulo - Com os investidores em compasso de espera pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, que será conhecido na quarta-feira (10), as taxas futuras de juros de curto prazo sobem. Na visão de profissionais da área de renda fixa, isso se deve ao fato de que as chances de uma surpresa com inflação são mais de alta do que de baixa. Aliado a isso, o encontro da presidente Dilma Rousseff, na segunda-feira (08), com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, e mais três economistas - Delfim Netto, Luiz Gonzaga Belluzzo e Yoshiaki Nakano - levou o mercado a interpretar que as preocupações com a inflação dentro do governo são cada vez maiores.

Na segunda-feira (08), durante discurso em Porto Alegre, na abertura do 26º Fórum da Liberdade, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que a atuação da autoridade monetária exige "cautela", mas lembrou que o foco da política econômica "continuará sendo exclusivamente a estabilidade de preços", que os ciclos monetários "não foram abolidos" no País e que o BC "tem manifestado preocupação com o nível e a resistência da inflação nos últimos meses".

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, o contrato de DI com vencimento em julho de 2013 (256.700 contratos) marcava 7,26%, de 7,21% no ajuste anterior. O DI com vencimento em janeiro de 2014 (170.080 contratos) apontava 7,88%, de 7,81% na segunda-feira (08). O juro com vencimento em janeiro de 2015 (260.945 contratos) indicava 8,48%, de 8,43% na véspera. O contrato com vencimento em janeiro de 2017 (195.125 contratos) marcava 9,14%, ante 9,11% ontem, e o DI para janeiro de 2021 (27.230 contratos) estava em 9,68%, ante 9,65% no ajuste.

"A inflação está pressionada e as chances de o IPCA surpreender para cima são muito maiores do que as de surpreender para baixo. O Banco Central já mudou o seu discurso, mas, se não fizer nada, ainda que seja apenas um placar dividido na próxima reunião, perde ainda mais credibilidade", afirmou um operador. Nesse ambiente, as chances de um aperto monetário na reunião da próxima semana já são superiores a 50%, conforme precifica a curva de juros.

Segundo levantamento do AE Projeções com 51 instituições do mercado financeiro, as previsões para o IPCA do mês passado oscilam entre 0,38% e 0,55%, com mediana de 0,50%. Caso a mediana seja confirmada, o teto da inflação, de 6,5%, será superado.

Entre os dados de inflação conhecidos nesta terça-feira, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) ficou em 0,31% em março, após alta de preços de 0,20% em fevereiro, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado ficou próximo do teto do intervalo das estimativas colhidas pelo AE Projeções, de 0,32%. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a evolução dos preços em São Paulo, registrou deflação de 0,11% na primeira quadrissemana de abril. O número apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) ficou em linha com a mediana das projeções, de -0,10%.

Enquanto isso, no âmbito da atividade, o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria brasileira ficou em 82,6% em fevereiro ante 84,5% em janeiro, com ajuste, segundo dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O Nuci ficou, portanto, abaixo do piso do intervalo das estimativas coletadas pelo AE Projeções, de 83,40%.

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