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Em SP, refém morre ao ser confundido com ladrão

24/04/2014 08h20

São Paulo - Um gerente de loja de 32 anos foi morto por policiais militares na noite de terça-feira, 22, em Cidade Ademar, zona sul de São Paulo, após ser confundido com um criminoso. Osvaldo José Zaratini era na verdade refém de um bandido na hora em que foi baleado. Em sua mão havia um celular, mas os PMs atiraram porque, de acordo com o boletim de ocorrência, acreditaram que fosse uma arma.

Zaratini estava em seu carro, um Volkswagen Saveiro branco, quando foi abordado por um assaltante pouco antes das 23h de anteontem na Rua Luis Stolb. Rafael Lima de Oliveira, de 28 anos, portava uma arma, disse que estava ferido e exigiu que o gerente o levasse a um hospital. A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que Oliveira havia roubado um Hyundai i30 e, no momento em que abordou Zaratini, estava fugindo de policiais militares que faziam uma ronda na região.

A polícia recebeu informações de moradores de que o criminoso estava dentro de uma Saveiro e começou a procurá-lo. Quando encontraram o carro, os PMs deram ordem de parada mas, segundo o boletim de ocorrência, o motorista acelerou para se afastar. Ao chegarem na Rua Luis Stolb esquina com a Rua Gomes de Amorim, Zaratini parou o carro e saiu correndo em direção aos policiais com um celular nas mãos. A polícia disse que Oliveira também saiu do veículo e, com a arma em punho, começou a atirar.

Os policiais dispararam diversas vezes na direção dos dois homens. Feridos, os dois foram levados ao Hospital Municipal Arthur Ribeiro de Saboya, no Jabaquara. Zaratini já chegou ao hospital sem vida. Oliveira passou por cirurgia e, até a noite de ontem, permanecia internado sob escolta policial, sob ordem de prisão.

A SSP afirmou que, após a apuração sobre a identidade das vítimas e o depoimento de uma testemunha, foi constatado que o empresário não era cúmplice do assaltante e que o "objeto que ele levava ao sair do carro era um celular".

O caso foi registrado no 26.º Distrito Policial (Sacomã). Um inquérito policial foi aberto para investigar a atuação dos PMs envolvidos na ocorrência. Eles ficarão afastados até a conclusão da investigação.

Osvaldo José Zaratini era gerente de uma loja de tintas, de acordo com informações de sua página no Facebook. Na rede social, diversos amigos e desconhecidos escreveram mensagens em solidariedade à família dele. Em uma de suas últimas postagens, anteontem pela manhã, o empresário desejava uma "ótima" semana para todos, depois de passar por um feriado "abençoado".

Outro caso. O publicitário Ricardo Prudente de Aquino, de 39 anos, morreu baleado pela Polícia em julho de 2012 no Alto de Pinheiros, zona oeste, por estar com um objeto preto nas mãos que "parecia uma arma".

De acordo com a PM, o Fiesta do Aquino passou em alta velocidade pela Praça da Paz, no Sumaré, no momento em que policiais do 23.º Batalhão abordavam outro veículo. "Eles desconfiaram do carro e iniciaram uma perseguição", disse o delegado Dejair Rodrigues, que investigou o caso. Minutos depois, o carro do publicitário bateu em uma viatura na Avenida das Corujas. "Aí houve uma falha na abordagem. Eles acharam que um objeto preto na mão do publicitário fosse uma arma", explicou o delegado. Segundo ele, o publicitário portava 50 gramas de maconha.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.