Morte de motociclista cresce 9,1% em um ano
Na comparação dos últimos 10 anos, as mortes dos condutores de motos mais do que dobrou. Em 2002, haviam morrido 3.744 motociclistas.
O crescimento acompanha a explosão no número de veículos de duas rodas nas vias e estradas do País. Dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) revelam aumento de cerca de 300% no total de motos do Brasil na década, que passou de 4 milhões para 16 milhões de motocicletas.
Acidentes.
Duas particularidades cercam as estatísticas sobre acidentes de motos. A primeira é a concentração de casos nos Estados da Região Nordeste.
Para ter uma ideia, o Nordeste tem 4,5 milhões de motos em circulação e teve 4.820 mortes. Dá uma morte para cada 933 motos nas ruas.
O Sudeste tem 6,8 milhões motos e 3.358 mortes, ou uma morte para cada 2.038 motocicletas em circulação.
Acompanhando a redução total do número de mortes no trânsito, o Sudeste também registrou queda nas mortes de motociclistas, segundo os dados do governo federal. O outro fator, esse comum às regiões, é que cerca de um terço das mortes foi causada pelos próprios motociclistas.
Os dados dão detalhes das mortes em 7.849 ocorrências registradas em 2012. Delas, 2.763 ocorreram porque o motoqueiro caiu da moto ou bateu em um objeto fixo, como um poste ou um carro parado.
As colisões com caminhões ainda são o tipo de acidente mais fatal para os motociclistas, segundo os dados, respondendo também por um terço das mortes. Entre os acidentes em que não houve participação de outro agente exceto o próprio motoqueiro, 1.648 pessoas morreram depois de cair da moto e 1.115 morreram ao bater em objetos fixos na via.
Especialistas e condutores de motos apontam o resultado a dois fatores: primeiro, a imprudência dos motociclistas. Mas isso é associado ao segundo fator, a má formação desses condutores.
O presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Dirceu Rodrigues Alves Júnior, diz que "o problema é o homem". Segundo ele, "93% de todos os acidentes de trânsito são causados por falhas humanas. Atos inseguros, manobras imprudentes, motos que desrespeitam as leis de trânsito e terminam caindo", afirma. "O que nunca aconteceu é o Estado cumprir a determinação, prevista no Código de Trânsito Brasileiro, de investir na educação. Deveria ser dos cinco anos de idade até a faculdade", completa o especialista.
O presidente do Sindicato dos Motoboys de São Paulo, Gilberto Almeida dos Santos, concorda que a formação do motoboy é deficiente. "O sujeito nem tem contato com a moto direito e já é colocado na rua", afirma. "Mas você não pode apontar só para um lado. É uma série de fatores. De um lado, há as ruas, que não são feitas para receber tantas motos. De outro, as vias são esburacadas, sujas, sem cuidado. Tem ainda a fiscalização das motos, que é pouca. E aí vem o motoqueiro, que muitas vezes não respeita os limites de velocidade", afirma.
Bicicletas.
Houve, em 2012, estabilidade em relação às mortes de ciclistas no País. Foram 1.492 casos em 2012 e 1.475 em 2011. Além da liderança dos Estados do Sudeste no ranking das mortes, com 505 ocorrências - foram 519 em 2011 - as estatísticas apontam crescimento de apenas três casos de um ano para o outro na Região Nordeste, de 297 para 300 casos. Em todos os Estados, o que mais mata ciclista é bater em caminhão.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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