Nível de represa Jaguari cai 60% em dois meses
Desde 20 de agosto, quando a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) elevou de 10 mil para 43 mil litros por segundo a descarga de água na Usina Jaguari, em São José dos Campos, a represa perdeu 179 bilhões de litros, volume superior ao da Represa do Guarapiranga (na capital) cheia, chegando ontem a 14,9% da capacidade.
A Represa Jaguari é de onde o governo Geraldo Alckmin (PSDB) quer fazer a transposição de até 5 mil litros por segundo para a Represa Atibainha, do Sistema Cantareira. A ideia do projeto, orçado em R$ 500 milhões, é socorrer, a médio prazo, o maior manancial paulista.
O acordo foi articulado pelo Ministério do Meio Ambiente com os governos paulista, mineiro e fluminense, depois que a Cesp, que é controlada por Alckmin, descumpriu uma determinação do Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS) para aumentar o volume de água liberado da Jaguari para o Paraíba do Sul de 10 mil para 30 mil litros por segundo.
O objetivo do tucano era preservar o reservatório que pode socorrer o Cantareira, enquanto os órgãos federais queriam poupar as demais represas da bacia do Paraíba, que também atravessa grave crise de estiagem e abastece 15 milhões de pessoas nos três Estados. A mesma negociação previu a redução na liberação de água da Represa Paraibuna.
Pior em 20 anos
Nenhuma das medidas impediu, contudo, a queda do nível de armazenamento de todos os reservatórios do Paraíba do Sul, cuja capacidade total caiu de 20,1% para 8,9% em dois meses, índice mais baixo do sistema nos últimos 20 anos, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA).
Além de oferecer risco real ao abastecimento de água para o Vale do Paraíba e para o Rio, a seca no Paraíba mina uma das principais apostas de Alckmin para o Cantareira. Ao anunciar a transposição entre as Represas Jaguari e Atibainha, em março, o governador paulista previu concluir a obra em 18 meses.
O projeto, contudo, causou polêmica, por causa dos possíveis impactos na disponibilidade de água do Paraíba do Sul. O Ministério Público Federal no Rio moveu uma ação na Justiça para barrar a transposição. Enquanto isso, os governos federal, paulista, fluminense e mineiro discutem uma solução conjunta. Diante desse cenário, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) já prevê a conclusão da obra apenas em 2016.
Alckmin disse que a ideia era fazer a transposição entre os reservatórios nos dois sentidos somente quando eles tivessem com a capacidade de armazenamento superior a 75% ou abaixo de 35%. Com o agravamento da seca na Represa Atibainha, que já está operando na segunda cota do volume morto, e a queda contínua da Jaguari, pode não haver água para transpor quando a obra for concluída.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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