Disputa no governo federal trava campanha de uso racional da água
A prometida campanha pelo uso racional da água, que seria lançada pelo governo federal, provocou uma disputa na Esplanada dos Ministérios. A demora no lançamento da campanha está relacionada a uma divergência de opinião entre a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o que fez o material ser reformulado.
Segundo o jornal "O Estado de S. Paulo" apurou, o nó está na abordagem do tema: a Secom queria explicitar no material que o aquecimento global seria uma das principais causas da crise hídrica que castiga o Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. O MMA, no entanto, foi contra a ideia, por entender que poderia entrar em um vespeiro científico.
A tese dos impactos do aquecimento global não é consenso há anos e divide a comunidade científica internacional. Para o Meio Ambiente, a campanha tem de falar sobre o uso consciente da água, e não entrar em defesa de teorias científicas em plena rede nacional.
O acompanhamento de peças publicitárias era uma das atribuições do jornalista Thomas Traumann, que pediu demissão da chefia da Secom na quarta-feira, após o jornal "O Estado de S. Paulo" revelar o conteúdo de um documento reservado do Planalto, que vê "caos político" e critica a "comunicação errática" do governo federal.
Por enquanto, a presidente Dilma Rousseff não definiu o sucessor de Traumann. Não está definido também se será mantido o atual modelo da secretaria ou se suas funções serão atribuídas a um auxiliar palaciano para cuidar exclusivamente das funções da publicidade, enquanto a Secretaria de Imprensa cuidaria da relação com a mídia.
Essas indefinições devem atrasar ainda mais a reformulação do material educativo.
Resposta
Procurada pela reportagem, a Secom informou que "não há ainda nenhum andamento de ação publicitária para a sociedade sobre o uso racional de água". A secretaria disse que recebeu solicitação do Ministério do Planejamento para "ajudar na disseminação de conceitos de economia de luz e água para órgãos públicos federais" e essa iniciativa "ainda está na fase de planejamento".
O MMA disse que não há divergência entre os órgãos e o processo de definição da campanha segue seu curso normal. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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