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Polícia faz operação contra receptação de celulares roubados no RJ

As investigações apuram a revenda de produtos roubados na Saara - Marcia Foletto / Agência O Globo
As investigações apuram a revenda de produtos roubados na Saara Imagem: Marcia Foletto / Agência O Globo

No Rio

26/05/2015 11h05Atualizada em 26/05/2015 15h40

A Polícia Civil realiza na manhã desta terça-feira (26), uma operação para coibir a receptação de celulares roubados no camelódromo da Uruguaiana, no centro do Rio de Janeiro. A polícia arrombou três cofres e apreendeu centenas de mercadorias, desde cigarros contrabandeados, carregadores de celulares, relógios e até tablets.

A ação, batizada de Operação Saara Malo, cumpriu 150 mandados de busca e apreensão. De acordo com Claudio Vieira, delegado titular da 4ª Delegacia de Polícia (Centro), unidade responsável pela operação, as investigações apuram a revenda de produtos roubados no local. “Nós já vínhamos conduzindo essas investigações desde o momento em que percebemos que, quando realizamos operações no local, muitos dos boxes aqui existentes eram fechados e os donos desapareciam. Como não tínhamos mandado ficávamos de mãos atadas”, disse.

Cláudio Vieira disse que a polícia fez um levantamento criterioso dos estabelecimentos que fecham as portas com a chegada dos policiais e, a partir dessa identificação, foi à Justiça atrás dos mandados que lhes permitissem ter acesso aos boxes.

“Identificamos esses boxes, conseguimos mandados de busca e apreensão. Quando chegamos, todos mais uma vez, estavam fechados, mas de posse dos mandados, arrombamos os boxes, alguns cofres e apreendemos diversos produtos que, a princípio, acreditamos ser fruto de contrabando, descaminho ou roubo. Apreendemos até cigarro contrabandeado, o que não era inicialmente o nosso objetivo”, ressaltou.

O delegado informou que todo o material apreendido será encaminhado para a Cidade da Polícia, na zona norte da cidade, passará pela perícia para saber a procedência, e devolvido ou não para o proprietário, desde que este consiga comprovar a origem das mercadorias por meio de nota fiscal. “Vamos levantar um por um, os proprietários, os produtos apreendidos, ver se é fruto de roubo, descaminho ou contrabando e, caso o ilícito seja comprovado os donos vão ter que responder por ele."

Cerca de 130 policiais das delegacias do DGPC (Departamento Geral de Polícia da Capital) e da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) participam da ofensiva.

Advogado de vários dos comerciantes do Camelódromo, Marcelo Almeida Mendonça defendeu a legitimidade da ação da polícia, mas lamentou que muitos dos principais prejudicados são comerciantes que atuam dentro dos limites da lei, têm alvará, nota fiscal e que, portanto, têm como comprovar a origem da mercadoria.

“A operação tem o objetivo de combater o crime de recepção e de violação de marcas e patentes, portanto é legítimo, até porque escorada na lei. Agora, é preciso muito cuidado com a exposição e a imagem das pessoas. Porque não há que se falar em culpados ou inocentes, até que isto esteja provado”.

Na avaliação do advogado, existe um desequílibrio na ação. "Porque há, sim, uma pequena minoria que vive de mercadorias provenientes de descaminho, receptação e violação de marcas e patentes. Mas é preciso levar em conta, também, que a grande maioria funciona aqui de forma legal, com nota fiscal, inclusive de lojas aqui mesmo da área da Uruguaiana, portanto de  origem comprovada, com pagamento de impostos e notas fiscais. O que acontece é que as condições do local são impróprias, ele não tem como guardar nota fiscal, muitas estão em poder dos próprios contadores e, por isso, eles ficam reféns da polícia”, ressaltou. 

Um dos lojistas, que preferiu não se identificar, diz que trabalha dentro da legalidade, tem nota fiscal, e agora vai ter que ir a Cidade da Polícia para comprovar a origem da mesma. “Tenho a minha loja invadida, arrombada, muitas das mercadorias sofrem danos, a própria loja fica danificada. Quem vai se responsabilizar por isto?”, questionou.

Segundo o mesmo proprietário, apreenderam em seu boxe acessórios para celulares para os quais ele tem comprovação. “Qualquer comércio, nesta crise, com a loja fechada e as vendas paradas passa por uma situação complicada. Eu tenho material de procedência comprovada e nota fiscal e vou lá na cidade novamente buscar o que me foi tirado. Fechei as portas porque quis, porque o dia estava complicado. Quem vai repor minhas perdas?”, lamentou.

Policiamento

O camelódromo da Uruguaiana fica próximo à avenida Rio Branco, que teve policiamento reforçado no começo de maio por policiais militares de bicicleta e à cavalo após um homem ter sido esfaqueado durante assalto no dia 30 de abril. Em dois dias com a nova estratégia de policiamento, de 5 a 7 de maio, cinco pessoas foram presas, 20 foram conduzidas a delegacias para averiguação, seis menores de idade foram apreendidos e outros 31 foram encontrados em situação de risco e conduzidos para abrigos. No balanço de apreensões, foram recuperados 23 celulares, dois cordões e 120 DVDs.

Em novembro do ano passado, policiais da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM) realizaram na Uruguaiana operação semelhante à desta terça-feira. Na ocasião, foram apreendidos 406 celulares falsificados ou sem procedência comprovada. (Com Agência Brasil)