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Mais veículos e uso de térmicas elevam poluição em SP, aponta IBGE

A explicação principal para o aumento da poluição é o maior número de carros nas ruas - Luciano Amarante/Folhapress
A explicação principal para o aumento da poluição é o maior número de carros nas ruas Imagem: Luciano Amarante/Folhapress

Rio

19/06/2015 10h22

A maior circulação de veículos em São Paulo e o acionamento de usinas termelétricas para abastecer o país com energia elevaram a concentração de poluentes na capital paulista entre 2011 e 2012.

A emissão de ozônio, oriunda da queima de combustíveis fósseis e um dos gases mais críticos para a poluição atmosférica, avançou exponencialmente. Em 2012, o limite estabelecido para a emissão do gás foi ultrapassado 576 vezes, segundo o levantamento Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS) 2015, divulgado sexta-feira (19), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2012, a geração de energia por meio de usinas térmicas convencionais no subsistema Sudeste/Centro-Oeste mais que dobrou em relação ao ano anterior, segundo dados do Operador Nacional do Sistema (ONS). Isso porque a falta de chuvas dificultou a geração de energia a partir usinas hidrelétricas, uma das principais fontes renováveis empregadas no país.

Nos últimos anos, o estresse climático mais frequente fez até com que as fontes renováveis perdessem espaço no cenário energético brasileiro. Por outro lado, o acionamento das térmicas foi mais recorrente, diante da contínua alta do consumo e das dificuldades hidrológicas enfrentadas principalmente pela região Sudeste.

Como as usinas térmicas funcionam a partir da queima de gás natural ou de óleo diesel (ambos combustíveis fósseis), o maior uso contribuiu para o aumento da poluição, segundo o IBGE.

A explicação principal para o aumento no número de violações na emissão de ozônio, porém, é o maior número de carros nas ruas paulistanas, de acordo com a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), que forneceu os dados ao instituto.

"Houve aumento da frota de veículos, mas a (geração de) energia termelétrica emite ozônio", frisa Júlio Jorge Gonçalves da Costa, pesquisador da Coordenação de Recursos Naturais do IBGE. A tendência de alta nas violações em São Paulo começou em 2009, quando o índice saltou de 146 para 201 e não parou de subir.

Nas demais capitais pesquisadas, o volume de ozônio emitido sequer ultrapassou o limite, ou o número de violações foi baixo ou diminuiu em relação ao ano anterior. Em Belo Horizonte, a emissão de ozônio ultrapassou o permitido 65 vezes em 2011 (último dado disponível), contra 115 no ano anterior. Em Curitiba, houve apenas uma violação em 2011, enquanto Porto Alegre registrou três vezes emissões acima do limite em 2010 (também o último dado disponível).

Nas regiões metropolitanas de Salvador e Vitória, não há registros de violações na emissão de ozônio em pelo menos uma década.

Qualidade das águas

A qualidade dos rios que atravessam grandes áreas urbanas ou são utilizados para abastecimento da população ou de indústrias é boa ou ótima em 76,9% dos 342 pontos monitorados entre 2011 e 2012, segundo o levantamento do IBGE. A região metropolitana de São Paulo, porém, reúne diversos pontos onde a qualidade da água é classificada como péssima.

No Estado, o rio apontado no levantamento foi o Tietê, incluindo a região do Alto Tietê, represas Guarapiranga e Billings. "São áreas em que há um volume grande de edificações. Então, isso se deve às grandes aglomerações urbanas e também a questões de tratamento de esgoto", explica Rodrigo da Silveira Pereira, gerente substituto de Estudos Ambientais do IBGE.