Após agressão de menina, ato contra intolerância religiosa reúne 400 no Rio
Católicos, evangélicos, adeptos do candomblé, da umbanda e de outras religiões se reuniram em um ato contra a intolerância religiosa na manhã deste domingo (21), no largo do Bicão, na Vila da Penha, zona norte do Rio.
A manifestação ocorre uma semana depois de a estudante Kayllane Campos, de 11 anos, ter levado uma pedrada na cabeça quando voltava de uma festividade do candomblé. Cerca de 400 pessoas participam do ato neste domingo.
Kayllane, presente ao ato, disse se sentir "muito feliz e muito agradecida por tudo isso que está acontecendo".
A avó da menina, a mãe de santo Kátia Marinho, se surpreendeu com a quantidade de segmentos religiosos que aderiram à manifestação. "Isso prova que todos somos irmãos, cada um na sua fé. Todo mundo sofre com a intolerância e temos que ter amor no coração", disse. A família de Kayllane, cuja mãe é evangélica, é um exemplo de convivência pacífica entre religiões. "Nossa convivência é ótima, eu nunca renegaria a minha família", afirmou a menina.
Durante o ato, representantes de cada religião se revezam ao microfone de um carro de som, entoando cantos de seus respectivos credos.
No domingo passado, Kayllane e outras sete pessoas voltavam de um evento religioso caminhando pela avenida Meriti, na Vila da Penha, quando dois homens que estavam em um ponto de ônibus do outro lado da rua começaram a insultar o grupo.
Com Bíblias sob os braços, os agressores gritavam "Sai demônio, vão queimar no inferno, macumbeiros" e lançaram a pedra contra o grupo, segundo Kátia Marinho. A pedra bateu em um poste antes de atingir Kayllane, que chegou a desmaiar. Os dois agressores fugiram de ônibus.
O Conselho de Igrejas Cristãs do Estado do Rio de Janeiro (Conic-Rio) divulgou uma nota de repúdio contra o ocorrido com Kayllane.
"A violência destes homens é repugnante e não guarda nenhuma aproximação ou semelhança com um comportamento religioso ou cristão. Pessoas que praticam a violência em nome de Cristo não compreendem o evangelho e não merecem ser chamadas de cristãs", diz a nota.
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