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Ministro das Finanças grego acusa credores de "terrorismo"

04/07/2015 10h47

São Paulo - O ministro das Finanças da Grécia, Yannis Varoufakis, acusou de "terrorismo" os credores do país em meio à preparação para a realização do plebiscito no qual a população será consultada sobre a proposta dos credores por mais austeridade. Em entrevista ao jornal espanhol El Mundo publicada neste sábado, Varoufakis afirma que uma vitória do "sim" seria uma humilhação para os gregos.

"O que estão fazendo com a Grécia tem um nome: terrorismo", disse o ministro. "Por que nos forçaram a fechar os bancos? Para colocar medo nas pessoas e, quando se trata de aumentar o terror, esse fenômeno se chama terrorismo", completou. "Mas acredito que o medo não vencerá", acrescentou.

A Grécia realiza um plebiscito histórico neste domingo que pode mudar o destino do país e da moeda comum europeia. As pesquisas de opinião mais recentes na Grécia mostram uma população dividida entre os apoiadores do pedido do primeiro-ministro Alexis Tsipras pelo voto no "não" a demandas de austeridade e os defensores do "sim" aos termos de um novo pacote de resgate.

Na entrevista, Varoufakis disse ainda que uma vitória do "sim" no plebiscito seria uma humilhação. "O que querem Bruxelas e a troica (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) é que ganhe o 'sim' para que desse modo possam humilhar os gregos, mas não vamos deixar que nos humilhem", declarou.

Varoufakis defendeu ainda que a Grécia vai negociar um acordo não importa o resultado do plebiscito. "Seja qual for o resultado, na segunda-feira haverá um acordo, estou absolutamente certo disso", disse. "A Europa precisa de um acordo e a Grécia precisa de um acordo, então vamos alcançá-lo", acrescentou.

O ministro considerou ainda que, se o "não" vencer no plebiscito, o primeiro-ministro contará com "armas para negociar um acordo melhor". Ele ponderou que "um acordo fantástico" não seria possível, mas que o repúdio da população à proposta atual no plebiscito poderia garantir que se alcançasse "um acordo que não seja tão ruim quanto o que agora nos propõem. "Se ganhar o 'não', Tsipras viajará na segunda-feira para Bruxelas, conseguirá um acordo melhor e, no dia seguinte, os bancos gregos voltarão a abrir suas portas", concluiu. (Dayanne Sousa - dayanne.sousa@estadao.com)