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Líder do MST diz que movimento por nova eleição é 'golpismo burro'

Santa Cruz de La Sierra

08/07/2015 15h56

O líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) João Pedro Stédile classificou, nesta quarta-feira (8) de "golpismo burro" o movimento da oposição por nova eleição presidencial, defendeu mudanças imediatas na política econômica da presidente Dilma Rousseff e pediu ampla reforma ministerial.

"É um golpismo burro de setores conservadores do PSDB e do DEM, eles deveriam ter vergonha. Levamos 20 anos para reconquistar a democracia. Gostemos ou não, temos que respeitar os resultados eleitorais, seja nos Estados, quando a direita ganha, seja em nível federal. O mandato da Dilma é irrevogável", afirmou ele, que disse duvidar que a tese de nova eleição vá adiante. Stédile participa do Encontro Mundial dos Movimentos Populares, que reúne 1.500 pessoas de 40 países em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Nesta quinta-feira, 9, o encerramento terá a presença do papa Francisco, em viagem pelo continente.

Para Stédile, "a classe dominante brasileira, a que detém o poder econômico não concorda, com o golpismo, porque eles sabem que seria jogar o País em uma aventura".

"O que precisamos é de uma reforma política profunda, que mude o jeito de fazer política e acabe com o financiamento privado, base de toda a corrupção. Enquanto permanecer esse sistema, teremos muitas Lava Jatos", afirmou, em referência à operação da Polícia Federal que investiga esquema na Petrobras. "Eles preferem jogar a podridão que criaram para debaixo do tapete, sonhando em derrubar Dilma, em vez de corrigir os erros do sistema. A burguesia econômica não vai entrar nesta aventura."

O líder do MST disse que se Dilma insistir na política econômica atual, corre o risco de agravar o isolamento político. "O governo precisa urgentemente mudar a política econômica. Quanto mais tempo insistir nesta política burra, de só fazer ajuste fiscal e no orçamento, vai se afastando da base social que o elegeu e se transforma em um governo mais fraco, mais débil. O governo tem que retomar a agenda do segundo turno (da eleição de 2014), que o elegeu. Se Dilma quer uma sugestão, tem que fazer uma reforma ministerial urgente, para recompor o ministério com as forças que de fato a elegeram. O ministério atual é muito conservador, tem ministro de partido que vota contra ela."

Stédile diz que haver uma "frente de massas", puxada pelas centrais sindicais. "Elas estão muito atentas a como evolui o projeto de terceirização para, se passar no Senado, fazer greve geral. Também estão atentos às mobilizações da direita, que marcaram (novas passeatas) para16 de agosto. As mobilizações populares continuarão com este enfoque: defesa dos direitos trabalhadores, contra o ajuste neoliberal e em defesa da democracia."