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Confundir fracasso da economia com impeachment é equívoco, diz diretor do Insper

30/07/2015 21h33

São Paulo - Misturar erros na condução da política econômica com uma agenda de crise política que tem trazido a ideia de impeachment da presidente Dilma Rousseff é um equívoco, na avaliação do diretor do Insper, Marcos Lisboa. "Confundir o fracasso da economia com impeachment é um equívoco", afirmou, ao participar de evento promovido pelo Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, na capital paulista. "As regras do jogo são claras", afirmou. "Economia é economia, política é política. Misturar as estações é um equívoco e não é razão."

Ao apresentar dados do estudo "O ajuste inevitável - ou o País que ficou velho antes de se tornar desenvolvido", feito em parceria com os economistas Samuel Pessôa e Mansueto Almeida, Lisboa disse que hoje o Estado brasileiro é uma "máquina de transferir dinheiro". "Temos que modificar a agenda fiscal. O Estado gasta muito e de forma ineficiente", disse, fazendo a ressalva de que o Bolsa Família é um programa positivo, pois custa pouco e é bem estruturado.

Segundo Lisboa, apesar de o debate em torno de benefícios ser "constrangedor" e "complicado", é preciso enfrentá-lo. "No Brasil, temos regras de aposentadorias precoces que não existem em outros países", exemplificou.

Lisboa disse que o governo precisa ser mais transparente em seus processos de transferência de renda e não pode aprovar distorções e beneficiar determinadas empresas e setores com subsídios. "Precisamos de uma agenda transparente e que garanta a isonomia da política pública", afirmou.