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Em mês complicado, Dilma prepara contraofensiva para recuperar popularidade

Marlene Bergamo/Folhapress
Imagem: Marlene Bergamo/Folhapress

Em Brasília

02/08/2015 10h00

A presidente Dilma Rousseff iniciará uma contraofensiva para recuperar sua popularidade num mês carregado de adversidades.

Até o fim de agosto, o Congresso volta a trabalhar com uma pauta recheada de projetos que impactam as finanças federais, o Tribunal de Contas da União (TCU) analisa as "pedaladas fiscais" e uma série de manifestações pelo impeachment estão programadas para tomar as ruas do país.

O Planalto traçou para Dilma um roteiro de viagens e cerimônias para relembrar à população os programas bem-sucedidos de seu primeiro mandato, a exemplo do Minha Casa, Minha Vida e do Mais Médicos , além de usar os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro como uma das vitrines de sua segunda gestão.

Nos próximos dias, Dilma faz um evento no Palácio do Planalto para comemorar os dois anos do Mais Médicos. Apesar de toda a polêmica envolvendo a vinda dos médicos cubanos para preencher vagas não requisitadas por brasileiros, o programa agradou à população, especialmente em locais em que o atendimento médico não chegava. Na quarta-feira (5), viaja ao Rio de Janeiro para um novo evento alusivo às Olimpíadas, marcando a contagem regressiva de um ano para a realização do evento.

Dilma deve começar também nos próximos dias um tour pelo Nordeste, tendo como ponto de partida uma visita ao Maranhão, governado por Flávio Dino (PC do B), um dos principais governadores na linha de defesa do mandato da presidente. Em seguida será a vez de Bahia e Ceará. Região em que a presidente obteve a maior parte de seus votos na reeleição, o Nordeste não resistiu à crise econômica e a consequente queda de popularidade da presidente. Hoje, a reprovação de Dilma na região ultrapassa os 70%.

Apesar disso, a avaliação dos assessores mais próximos de Dilma é que ali será mais fácil para a presidente criar uma agenda positiva. Estão no Nordeste as obras com maior impacto social e que podem lembrar à população as boas coisas do governo. Dilma pediu aos ministros um mapeamento completo das obras que devem ser entregues nas próximas semanas para que possa participar, sempre que possível, das inaugurações.

A intenção do Planalto é que a presidente amplie consideravelmente as viagens pelo Brasil. Ao jornal O Estado de S.Paulo, um auxiliar dela disse que Dilma "precisa" viajar mais, "olhar no olho do povo", "repactuar a relação de amor com a população".

Além das viagens, Dilma deve intensificar a presença nas redes sociais com a publicação de vídeos ao longo das próximas semanas. No primeiro, já divulgado, a presidente cumprimentou os atletas do Pan-Americano pelas medalhas conquistadas. Outros incluem uma fala sobre o programa de proteção do emprego e um terceiro, uma mensagem de otimismo com os rumos da economia. A ideia é que seja postado, em média, um vídeo por semana, para evitar a saturação da imagem da presidente.

Churrasco

Nesta segunda-feira (3), Dilma receberá líderes e presidentes da base aliada no Congresso, para um churrasco. A intenção é marcar uma reaproximação, ainda que complicada, com os parlamentares, em uma tentativa de evitar a ampliação das pautas-bomba e minimizar poder de persuasão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

A primeira estratégia, obter apoio dos Estados, teve sucesso. Na quinta-feira (30), depois de uma reunião de quase quatro horas, a única promessa dos governadores foi a de acionar suas bancadas para desarmar as bombas fiscais.

Na manhã desta segunda-feira, durante a reunião de coordenação política, a presidente vai cobrar de seus auxiliares atenção redobrada com a tramitação de matérias que tenham impacto nas contas públicas.

Com o fim do recesso parlamentar, o governo prepara suas armas para tentar barrar os avanços de temas que podem aumentar os gastos públicos, como o reajuste do Ministério Público, a criação de um piso nacional para policiais e bombeiros e a mudança no índice de atualização do FGTS.

Segundo um auxiliar palaciano, a eventual aprovação dessas matérias representaria uma perda ainda maior de prestígio da presidente, que já se viu obrigada a vetar o reajuste do Judiciário. Para pacificar a base aliada e evitar novas traições, o governo decidiu acelerar a liberação de emendas e a composição do segundo e terceiro escalões, que deve ser concluída em meados de agosto.