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Após morte do traficante Playboy, 400 policiais ocuparão complexo da Pedreira

Divulgação/Disque-Denúncia
Imagem: Divulgação/Disque-Denúncia

No Rio

08/08/2015 18h33

O batalhão especial da Polícia Civil do Rio de Janeiro decidiu ocupar por tempo indeterminado o Morro da Pedreira, em Costa Barros, na zona norte do Rio de Janeiro, após a operação que resultou na morte do traficante Celso Pinheiro Pimenta, conhecido como Playboy.

A ocupação do conjunto de favelas da Pedreira será feita por pelo menos 400 agentes da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), a tropa de elite da Polícia Civil.

A ação foi determinada pela Secretaria de Segurança Pública do Rio, segundo o Coronel da Polícia Militar Antonio Goulart, responsável pelo setor de inteligência da corporação.

Em entrevista à imprensa, Goulart classificou a operação da manhã como "uma ação cirúrgica bastante exitosa" e descreveu a ocupação das favelas como uma ação "preventiva" a retaliações dos traficantes. Segundo a PM, o traficante foi baleado após disparar contra os policiais. No local da troca de tiros foram encontrados uma pistola e um fuzil.

"A Core vai ocupar o complexo da Pedreira por tempo indeterminado por ordem da Secretaria. A força da PM está empenhada para evitar qualquer tipo de transtorno na comunidade, qualquer ação orquestrada do tráfico", afirmou Goulart.

"A gente conhece a realidade do Rio de Janeiro. Quando algum líder do trafico é morto, existe articulação por parte das pessoas ligadas ao tráfico para fechar o comércio. Estamos fazendo a ocupação de forma preventiva de modo a minimizar os riscos", completou.

Segundo a Polícia Militar, a operação de captura do traficante foi articulada após informações privilegiadas sobre sua localização. Ao menos cem policiais participaram da operação, iniciada às 7h e só concluída no início da tarde.

Os policiais cercaram a casa da namorada de Playboy, que revidou com tiros. Ele foi baleado no abdômen e levado em carro blindado ao Hospital Federal de Bom Sucesso, na zona norte do Rio, mas não resistiu.

"Não é uma ação simples, em se tratando de quem era, um traficante que não anda sozinho, com uma rede de colaboradores, informantes e proteção. O resultado foi bastante exitoso em função da ação cirúrgica. Não teve nenhum tipo de dificuldade, vazamento, ou intercorrência e não colocou em risco a comunidade. A operação não termina hoje", resumiu o coronel Antonio Goulart.

O fundador da ONG AfroReggae, José Júnior, publicou um vídeo na sua página na internet com um trecho de uma conversa com o traficante, gravada em 29 de janeiro de 2015. Segundo Júnior, a conversa ocorreu a convite de traficantes aliados de Playboy com o objetivo de intermediar uma possível rendição do traficante. O encontro foi gravado pelo jornalista Leslie Leitão, da Revista Veja. A publicação da entrevista estava condicionada à sua rendição ou à sua morte, segundo o coordenador do AfroReggae.

No único trecho da conversa divulgado, Playboy diz que "as circunstâncias da vida" não permitiram que ele fosse um trabalhador. Questionado por José Junior sobre quem ele era, o traficante de 32 anos responde: "Sou um ser humano que tentou ser trabalhador, mas a circunstância da vida não permitiu".

Playboy era investigado há cerca de um ano pela Polícia Federal. Ele era apontado como um dos líderes da facção ADA (Amigo dos Amigos). Além do tráfico de drogas, atuava também como chefe de uma quadrilha de roubo de cargas. Nos últimos anos, comandou, em parceria com traficantes do Complexo do Caju, tentativas de invasão de favelas do Complexo da Maré, ambos na zona norte, levando terror aos moradores.

De acordo com o Coronel Antonio Goulart, a PM monitora informações de que traficantes aliados poderiam tentar retomar a ocupação na Maré, mas não deu detalhes de ações previstas pela corporação. Playboy já tinha sido condenado a 15 anos e oito meses de prisão por tráfico, roubo e homicídio qualificado. Ele estava foragido desde 2009.

O traficante pertenceu à quadrilha de Pedro Machado Lomba Neto, o Pedro Dom, especializada em assalto a residências. Jovem da classe média carioca que ingressou cedo no crime, Pedro Dom foi morto pela polícia em 2005, na Lagoa (zona sul).

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