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PF prende líderes de seita religiosa suspeitos de escravizar fiéis

Carros de luxo foram apreendidos; estima-se que o patrimônio recebido em doação dos fiéis chegue a R$ 100 milhões - Polícia Federal/Divulgação
Carros de luxo foram apreendidos; estima-se que o patrimônio recebido em doação dos fiéis chegue a R$ 100 milhões Imagem: Polícia Federal/Divulgação

Em São Paulo

17/08/2015 10h48

A Polícia Federal deflagrou na madrugada desta segunda-feira (17) a Operação De Volta para Canaã em três Estados do país e prendeu líderes de uma seita religiosa suspeitos de escravizar fiéis.

Segundo a PF, o grupo teria utilizado a seita para se apoderar do patrimônio dos fiéis, submetendo-os a trabalhos forçados, em situação análoga a de escravos.

Os investigados responderão pelos crimes de redução de pessoas à condição análoga a de escravo, tráfico de pessoas, estelionato, organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

As investigações apontaram que os dirigentes da seita Jesus, a Verdade que Marca estariam mantendo pessoas em regime de escravidão nas fazendas onde desenvolviam suas atividades e rituais religiosos.

A PF afirmou que os fiéis, ao ingressarem na seita, eram convencidos a doar seus bens sob o argumento da convivência em uma comunidade onde "tudo deveria ser de todos" e, em seguida, obrigados a trabalhar sem qualquer espécie de pagamento.

Os investigadores. Parte do valor teria sido convertido em "grandes fazendas, suntuosas casas e veículos de luxo".

A operação conta com 190 policiais federais, que estão cumprindo 129 mandados judiciais: seis de prisão temporária, seis de busca e apreensão, 47 de condução coercitiva e 70 de sequestro de bens.

Os mandados expedidos pela 4ª Vara Federal em Belo Horizonte estão sendo cumpridos nas cidades de Pouso Alegre, Poços de Caldas, São Andrelândia, Minduri, São Vicente de Minas e Lavras, em Minas Gerais, Carrancas, Remanso, Marporá, Barra, Ibotirama e Cotegipe, na Bahia, e em São Paulo.

A PF informou que a Operação De Volta a Canaã dá continuidade a investigações iniciadas em 2011, que levaram à deflagração da Operação Canaã em 2013.

Na primeira etapa, a PF, o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do Trabalho fizeram inspeções em propriedades rurais e em algumas empresas.

Segundo a PF, foi identificado um "sofisticado esquema de exploração do trabalho humano e lavagem de dinheiro levado a cabo por dirigentes e líderes religiosos"

"Somente neste ano, a Polícia Federal começou a investigar mais de 50 casos envolvendo o tráfico e a exploração de pessoas no Brasil", informou a PF.