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Consórcio da gestão Kassab em SP serviu para propina na Petrobras, diz Youssef

Projeto de urbanização da favela Real Parque, na zona sul de São Paulo, realizado pelo consórcio Sehab, formado pela OAS e Constran, contratado para obras no valor de R$ 146 milhões na gestão Gilberto Kassab - Divulgação
Projeto de urbanização da favela Real Parque, na zona sul de São Paulo, realizado pelo consórcio Sehab, formado pela OAS e Constran, contratado para obras no valor de R$ 146 milhões na gestão Gilberto Kassab Imagem: Divulgação

De São Paulo

28/08/2015 12h00

O doleiro Alberto Youssef afirmou a investigadores da Lava Jato que os R$ 431 mil recebidos por ele do Consórcio Sehab - contratado pela Prefeitura de São Paulo em 2010 para as obras de revitalização da favela Real Parque - foram, na verdade, referentes a propina para o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o PP (Partido Progressista) nas obras da refinaria de Abreu e Lima da Petrobras, em Pernambuco.

Ao todo, o consórcio Sehab repassou R$ 694 mil para as empresas de fachada MO Consultoria e RCI Software, usadas por Youssef para a lavagem de dinheiro de propina no esquema da Petrobras. As mesmas empresas firmaram contratos de consultoria com o consórcio referentes à obra para a Prefeitura de São Paulo como justificativa para a transferência de dinheiro.

Diante disso, a Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar se houve irregularidades nessas operações e, pela primeira vez, ouviu do doleiro que um contrato referente a uma obra de uma prefeitura também teria sido usado para mascarar o dinheiro da propina na Petrobras.

Em depoimento no último dia 19, o doleiro foi ouvido apenas em relação aos R$ 431 mil recebidos na conta da MO Consultoria e relacionou a quantia ao esquema na Petrobras. "Os valores depositados não foram repassados a nenhum agente público no âmbito do Município de São Paulo, mas sim a Paulo Roberto Costa e para o PP", relatou o doleiro em depoimento no dia 19. Ainda segundo Youssef, a propina foi para as obras tocadas pelo Consórcio Conest, formado por Odebrecht e OAS e responsável pela construção de oito unidades da refinaria de Abreu e Lima, um dos principais empreendimentos em que a Lava Jato detectou irregularidades.

A OAS é a empresa com maior participação no consórcio Sehab, contratado por R$ 140 milhões durante a gestão de Gilberto Kassab na Prefeitura de São Paulo para a construção de 1.135 unidades habitacionais na favela Real Parque. De acordo com Youssef, esse contrato do Consórcio Sehab com sua empresa MO Consultoria foi a única vez em que ele operou propina para a OAS no esquema da estatal petrolífera. O doleiro não falou sobre os outros R$ 262 mil que recebeu do Consórcio Sehab na empresa de fachada RCI Software usada por ele para operar propina.

Outro lado

Questionada, a Odebrecht afirmou que se manifestará no âmbito do processo judicial já instaurado. A construtora, disse, porém, que "registra seu estranhamento pelo fato noticiado, bem como pela constante 'alteração' dos depoimentos dos delatores". A OAS, por sua vez, afirmou que "nega as alegações".