Grupo de sapateado bloqueia Paulista em ato a favor de abertura
Além da proposta de levar apresentações artísticas para as ruas, o ato serviu para fazer pressão pela abertura de vias públicas para pedestres e ciclistas. Da calçada e acompanhados por um piano elétrico, membros do coral da Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap) executavam a música para os sapateadores ocuparem a Paulista. Entre os dançarinos, havia crianças, jovens e adultos.
O número foi apresentado duas vezes e manteve a avenida fechada por 20 minutos, das 10h30 às 10h50, no sentido Rua da Consolação, da Rua Bela Cintra até o início da Praça do Ciclista. O bloqueio foi combinado com a Companhia de Engenharia de Trânsito (CET) e não provocou congestionamentos.
"A ideia é levar um pouco do sapateado para popularizar nossa arte", afirmou Christiane Matallo, convidada pelo movimento Playing For Change para fazer a apresentação em plena Paulista. "Eu uso carro, mas também quero ocupar as ruas. Acho que pedestres e motoristas podem se entender numa boa, basta organização e boa vontade", disse.
Três mil pessoas confirmaram presença em um evento criado no Facebook para ocupar a Paulista neste domingo, a partir das 10 horas. "Venham com suas cangas, cadeiras, patins, patinete, bicicleta, tênis, descalço, para pintar, desenhar, tomar sol, CURTIR!", dizia o anúncio da página.
A adesão, no entanto, foi bem menor: reuniu cerca de 50 pessoas, além de dezenas de ciclistas que, na verdade, participavam da "super-pedalada" organizada para a Virada Sustentável. Prevista para acontecer, uma caminhada até o Parque Trianon acabou não saindo.
De paletó e gravata borboleta, o palhaço Fernando Carril distribuía balões, apertos de mão e piadas para as pessoas que passavam pela Paulista. Em sua bicicleta equipada com um guarda-sol e um pequeno armário, onde guarda livros de doação, ele também convidava os pedestres a lerem. "Eu acho que a Paulista também pode ser para o livro, para o circo e para mais pessoas", disse.
"O fechamento foi um ato simbólico. A adesão das pessoas acontece de forma orgânica", afirmou o coordenador da Minha Sampa, Guilherme Coelho, um dos organizadores do evento. Segundo ele, a abertura da Paulista é uma demanda da sociedade civil e a ideia nasceu da população - e não da Prefeitura. "O Haddad já declarou que quer fazer disso uma política pública, mas ainda precisamos negociar com o Ministério Público", disse.
Após o ato, membro das entidades que defendem a abertura da Paulista iniciaram uma consulta com comerciantes para saber qual impacto do bloqueio para carros sobre as vendas.
Embate
A Avenida Paulista foi bloqueada para teste pela última vez no domingo anterior, 23, para inauguração da ciclovia na Avenida Bernardino de Campos. Apesar de se posicionar a favor da abertura para pedestres e ciclistas, o prefeito Fernando Haddad (PT) encontra resistência do Ministério Público e de associação de moradores e comerciantes.
O argumento da Promotoria de Habitação e Urbanismo é que a Paulista só pode ser fechada três vezes por ano, segundo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com a Prefeitura em 2007. Caso o termo não seja cumprido, a administração municipal deverá pagar multa de R$ 30 mil.
Como em 2015 já houve a Parada Gay, além dos dois testes da Prefeitura, o MPE afirma que a Paulista não poderia mais ser bloqueada, o que impossibilita, por exemplo, a corrida de São Silvestre e o show da Virada, ambos no dia 31 de dezembro.
A gestão Haddad, no entanto, considera que a abertura para pedestres e ciclistas aos domingos faz parte de uma política pública de ocupação do espaço, enquanto a Parada Gay, a São Silvestre e o show da Virada são considerados eventos.
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