Estudo aponta que 90% das aves marinhas têm plástico no estômago
O grupo liderado por Chris Wilcox, da Organização de Pesquisa Industrial e Científica da Commonwealth (CSIRO, na sigla em inglês), na Austrália, analisou estudos publicados entre 1962 e 2012 sobre 186 espécies de aves marinhas e descobriu que a quantidade de plástico em seus estômagos está crescendo rapidamente.
Cerca de 60% das espécies estudadas tinham plástico nas entranhas. Mas, de acordo com a correção feita por um modelo computacional, que leva em consideração a crescente poluição dos oceanos, os cientistas avaliam que a parcela de espécies afetadas já seria de 90%, caso os estudos tivessem sido realizados hoje.
"Pela primeira vez temos uma estimativa global de como o longo alcance do plástico pode afetar as espécies marinhas - e os resultados são impressionantes. Estamos, usando observações históricas, que, entre as aves marinhas, 90% dos indivíduos já comeram plástico", afirmou Wilcox.
Segundo ele, no início da década de 1960, os cientistas haviam encontrado plástico no estômago de menos de 5% dos indivíduos entre as aves marinhas, aumentando para 80% em 2010. No ritmo atual, a tendência é que em 2050 99% das espécies de aves marinhas sejam afetadas.
O material encontrado no estômago dos animais inclui sacolas plásticas, tampas de garrafas e fibras plásticas de roupas sintéticas que acabaram nos oceanos depois de passar por rios urbanos, esgotos e depósitos de lixo.
De acordo com Wilcox, as aves identificam o material vivamente colorido e o confunde com comida, engolindo-o, o que compromete os intestinos, causa perda de peso e eventualmente a morte.
Outra das autoras do estudo, Denise Hardesty, também da CSIRO, as aves marinhas são excelentes indicadores da saúde do ecossistema. "As estimativas do longo alcance do plástico entre as aves marinhas são corroboradas pelo que observamos no nosso trabalho de campo. Eu cheguei a encontrar 200 pedaços de plástico em uma única ave", disse Denise.
Segundo os cientistas, o plástico tem impacto maior na vida marinha quando se acumula nos oceanos do Hemisfério Sul, em uma faixa que inclui a parte mais meridional da América do Sul, da África do Sul e da Austrália.
O estudo, que também teve participação de cientistas do Imperial College London, no Reino Unidos, aponta que melhorar a gestão de resíduos sólidos pode reduzir a ameaça do plástico à vida marinha.
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