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Incêndio histórico no MA já destruiu 45% de área de mata e ameaça índios isolados

Homem participa de combate ao incêndio florestal no Maranhão - Divulgação/Corpo de Bombeiros do Maranhão
Homem participa de combate ao incêndio florestal no Maranhão Imagem: Divulgação/Corpo de Bombeiros do Maranhão

Em Brasília

22/10/2015 21h01

Cerca de 230 agentes do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Ibama (Prevfogo) completaram nesta quinta-feira (22) 30 dias de trabalho na região da terra indígena Arariboia, no município de Arame, no Maranhão.

A equipe atua para combater aquele que já é o maior incêndio enfrentado pelos especialistas do Ibama, desde a sua criação, em 1989. O fogo já destruiu cerca de 45% da área de proteção ambiental, que chega a 420 mil hectares. São cerca de 200 mil hectares de mata que foram queimados.

À reportagem, a presidente do Ibama, Marilene Ramos, disse que nesta quinta foi possível controlar uma linha de fogo de cerca de 30 km de extensão, que ameaçava chegar a uma região mais preservada, onde vivem índios isolados. "Foi estabelecido um bom controle, mais ao sul da reserva. Foi um avanço importante nesse combate. É um trabalho que continua", disse Marilene.

Além das equipes em solo, o trabalho tem sido apoiado por três helicópteros e dois aviões. "O governo do Estado promete mais dois helicópteros. Vamos intensificar os trabalhos.", afirmou a presidente do Ibama, que percorreu toda a região.

O combate ao fogo ganhou apoio do governo do Chile, que enviou ao Brasil 20 mil litros de material para ser usado contra o incêndio. O produto já está na base do Ibama, no Maranhão.

De acordo com Marilene Ramos, parte do incêndio é causada pela atuação de madeireiros que atuam ilegalmente na região. "Temos evidências de que parte desse fogo é provocada por atividades criminosas de madeireiros que atuam nas terras indígenas. Há uma ação de fiscalização e investigação sobre isso", disse Marilene, que vai conversar com o governador do Maranhão, Flavio Dino, para tratar do assunto. "Não tem sentido de existirem créditos de madeira e serrarias nessa região, quando não tem madeira para isso", disse.

Violência

Na última sexta-feira, uma equipe de fiscalização do Ibama foi atacada a tiros por criminosos que roubavam madeira da terra indígena Arariboia, no município de Arame, no Maranhão. O agente ambiental federal Roberto Cabral, que coordenava a operação, foi atingido no braço direito por um tiro de espingarda. O coordenador usava colete à prova de balas. Ele recebeu atendimento médico no município de Imperatriz (MA) e foi liberado. A tentativa de homicídio é investigada pela Polícia Federal (PF).

A equipe do Ibama sobrevoava o local quando avistou três caminhões e um trator usados para extração ilegal de madeira. Perseguidos pelo grupo de fiscalização, os madeireiros abandonaram os veículos e se esconderam na floresta. Os agentes aterrissaram o helicóptero e se aproximaram do local por terra, quando sofreram o atentado. Houve troca de tiros. O Ibama atua no combate ao incêndio com 123 brigadistas, dos quais 58 são indígenas.