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Sargento preso por tortura em SP é acusado em 2 casos de assassinato

Em São Paulo

27/10/2015 10h18

O sargento Charles Otaga, suspeito de torturar um assaltante na zona leste, na semana passada, é indiciado em outros dois inquéritos policiais por homicídio. As informações constam no site do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

Segundo a assessoria da Corte, o primeiro caso é um processo de homicídio doloso de 2005 que está suspenso temporariamente, mas tramita no 1º Tribunal do Júri da Capital. Nos autos há um pedido de "tramitação prioritária".

Ainda segundo a assessoria, o outro caso, um homicídio simples, é de março deste ano e tramita no 4º Tribunal do Júri. A investigação ainda está em andamento pela Polícia Civil, mas, no inquérito, ele já está indiciado.

Um dos advogados de Otaga, Fernando Henrique Pittner Vieira Gomes disse no domingo que houve um erro no site do TJ-SP, que passa por atualização. Por isso, o sargento aparece como indiciado em inquéritos e processos.

"Estão mexendo no site do TJ para deixar os processos digitais e mexendo em todos os documentos. Tenho outros clientes que aparecem como indiciados, mas não são. Ele (Otaga) não está indiciado em nenhum inquérito", disse.

Sem erro

A assessoria de imprensa do TJ-SP afirmou nesta segunda-feira que as informações do advogado Vieira Gomes não procedem e as informações do site da instituição estão corretas, ou seja, o sargento Otaga está indiciado em dois inquéritos por homicídio. Procurado na segunda-feira, 26, pela reportagem, o advogado Vieira Gomes não foi localizado.

O Tribunal de Justiça Militar informou que Otaga, desde 2004, foi investigado em seis inquéritos de homicídio. Mas, como as investigações concluíram que não eram crimes militares, os casos foram encaminhados para a Justiça comum.

Choques

O sargento foi preso há uma semana, depois de deter, com outros dois policiais de sua equipe, Afonso de Carvalho Oliveira Trudes, de 23 anos, suspeito de roubar R$ 60 e um celular de uma loja de sapatos, em Itaquera, na zona leste da capital. Um segundo assaltante conseguiu fugir da polícia. Os dois usaram uma arma de brinquedo para cometer o crime.

Segundo as investigações, no 103º DP (Itaquera), o delegado Raphael Zanon percebeu que o preso estava com dificuldade para sentar. Depois de ter garantias de que não teria mais contato com os PMs, Trudes afirmou que foi agredido com socos, chutes e choques elétricos nas partes íntimas. As agressões aconteceram, segundo o rapaz, porque os policiais queriam que entregasse uma arma de verdade.

Um laudo, que constatou as agressões mas não os choques elétricos, serviu de base para Zanon prender Otaga em flagrante por tortura. Pouco depois, a delegacia foi cercada por PMs de outros batalhões que foram defender o policial. Dois deputados estaduais também foram até o local defender as respectivas corporações. Zanon pediu escolta para ir embora da delegacia. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".