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Casos de dengue cresceram sete vezes em 2015 no Rio

Tânia Rêgo/Agência Brasil
Imagem: Tânia Rêgo/Agência Brasil

30/10/2015 19h17

Rio - O Estado do Rio de Janeiro registrou neste ano, até 21 de outubro, 56.568 casos de dengue - mais de sete vezes o número registrado no mesmo período de 2014, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (7.819). Ocorreram 19 mortes - foram 10 em todo o ano passado. Atualmente, nenhum município fluminense enfrenta epidemia da doença, mas os números impressionam e deixam a população temerosa.

A expectativa da Secretaria de Saúde, que monitora a evolução dos casos, é de que a situação não se agrave. "O maior número de mortes (7 das 19) ocorreu em Resende (município no sul fluminense, próximo à divisa com São Paulo), mas os casos se concentraram em fevereiro e março. Depois desse pico, a situação está sob controle", afirmou Alexandre Chieppe, subsecretário de Vigilância em Saúde da secretaria.

Só haverá risco de epidemia, segundo Chieppe, se mudar o tipo predominante de vírus no Rio. Existem quatro formas de vírus causadores da dengue. Quem contrai a doença uma vez se torna imune àquele tipo de vírus, mas pode ser contaminado pelos outros três. Devido às condições de transmissão, um tipo de vírus costuma ser predominante em uma população durante ciclos que variam de três a cinco anos. Depois disso, como a maioria da pessoas estará imunizada contra aquele vírus, é outro que passará a causar a doença com frequência.

Hoje, o vírus circulante no Rio é o tipo 1, disse Chieppe. Na maioria das cidades fluminenses esse tipo não é novo, por isso a chance de haver epidemia é considerada pequena. "Não sabemos até quando a predominância verificada até agora continuará. Pode ser que mude, mas, se continuar, a incidência da dengue será menos grave. Algumas cidades não tiveram contato recente com esse tipo, então, é possível que haja concentração de casos nesses lugares. Mas será uma situação pontual, não deve ocorrer uma epidemia generalizada."

Conforme Chieppe, o vírus 2 foi predominante na maior parte do Estado em 2008 e 2009. O vírus 3, de 2001 a 2003. O 4 é mais recente - circulou em 2013 e 2014. "O maior risco (de epidemia) é se o vírus 3 começar a se proliferar. Como faz mais de dez anos que ele deixou de ser predominante, o número de pessoas não imunizadas contra ele é grande. Então, o número de vítimas em potencial seria maior."

Por meio de parceria com o governo alemão, a Secretaria de Saúde iniciou projeto para identificar os vírus presentes nos mosquitos transmissores (Aedes aegypti), antes mesmo da contaminação. Exemplares estão sendo capturados para análise em laboratório, onde passam por triagem e são catalogados por gênero e espécie. As amostras seguem para o Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde são examinadas em equipamento capaz de detectar tipos de vírus e bactérias. A definição antecipada dos vírus existentes nos mosquitos ajudará gestores e profissionais de saúde no controle e prevenção da dengue.

Embora a situação esteja sob controle, a secretaria informa se manter em alerta. "Estamos sempre prontos para uma grande epidemia, e cobramos que todos os municípios tenham planos para o caso de o número de casos aumentar significativamente", disse o subsecretário, que divide a responsabilidade pelo combate à doença entre o poder público e a população. "É inegável a responsabilidade do governo, mas é impossível fiscalizar com a frequência necessária. A população já sabe dos riscos da doença e como evitá-la, mas nem sempre toma as providências necessárias. E uma pessoa que mantenha um criadouro (do mosquito) em casa pode contaminar pelo menos o quarteirão inteiro", alertou.