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Eduardo Paes admite falha e pede desculpas por fechamento de zoo do Rio

15/01/2016 19h25

Rio de Janeiro - O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), pediu nesta sexta-feira, 15, desculpas à população pelo fechamento do zoológico da cidade e admitiu a falha de sua administração. Paes disse que a situação do zoológico "é uma falha grave" de seu governo. O parque foi interditado na quinta-feira, 14, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), devido a seu estado precário de conservação. O órgão ambiental avalia que o zoológico não tem mais condições de receber o público.

"Eu admito essa responsabilidade e preciso pedir desculpas à população. A gente vem desde o ano passado conversando com o Ministério Público, porque o nosso desejo é fazer um edital de concessão do zoológico - que deve sair semana que vem -, e não fazia sentido fazer grandes investimentos no zoológico por causa disso. Mas não podia chegar a essa situação", afirmou Paes.

Mesmo assim, o prefeito comemorou ter visto "pela televisão" que os animais estão "em ótimo estado e não há nenhuma coisa de maus-tratos". "O que se tem é um problema administrativo, e é mais grave ainda fechar o zoológico por isso. Como prefeito, só posso me desculpar. É um erro do meu governo, uma falha da minha administração, e inaceitável. Estamos tentando corrigir", disse.

Segundo o chefe do Núcleo de Fiscalização do Ibama no Rio, Vinícius Modesto de Oliveira, há perigo de animais abrigados nos chamados "setores extra", onde ficam bichos que não estão expostos ao público, fugirem, tal a precariedade das instalações. "Os ferros estão podres, e as portas de passagem dos técnicos estão sem trancas. Há o risco até de fuga de felinos", alertou. O instituto aplicou multa diária de R$ 1 mil contra a Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro (SMAC), à qual a Fundação RioZoo, que administra o parque, está subordinada, até que o órgão faça a adequação ambiental do parque.

Segundo o Ibama, na medida do possível, os animais estão nutridos, graças ao trabalho dos técnicos do parque. Porém, os alojamentos para os animais estão em situação precária. Eles não têm, por exemplo, "pontos de fuga" adequados, que são os ambientes que protegem os bichos da exposição permanente ao público para que não fiquem estressados, como uma vegetação robusta.

Nesta sexta-feira, o secretário do Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz, foi ao Ibama apresentar recurso contra a interdição. Segundo Muniz, na próxima terça-feira, a prefeitura vai apresentar um cronograma de obras emergenciais ao Ibama e uma licitação para que a administração do parque passe para a iniciativa privada.

"Se tudo der certo, podemos até reabrir o zoológico, na terça-feira. Vamos fazer uma vistoria em conjunto com o Ibama, na mesma data", disse.

No entanto, o fiscal do instituto afirmou à reportagem ser praticamente impossível que o zoológico reabra na semana que vem e também descartou a vistoria em conjunto. "Somos fiscais, não fazemos vistoria em conjunto com secretários. Além disso, só vamos reabrir o zoológico quando as obras emergenciais ficarem prontas, o que não vai acontecer na semana que vem", afirmou. De acordo com a pasta, a média de arrecadação da bilheteria do parque é de R$ 13 mil reais por dia.

Em outubro de 2015, o Ibama já havia autuado a pasta em R$ 1 milhão por não cumprir a notificação para iniciar as obras de reforma no zoológico, mas a secretaria entrou com recurso. Em setembro do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro entrou com ação civil pública para que a prefeitura reformasse o parque. O processo ainda está em andamento.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente informa que no período de 2010-2014 foram repassados 17 milhões/ano. Já em 2015, 20 milhões foram investidos no zoológico do Rio, segundo a mesma fonte.

Na sexta, os turistas Guliana Marcela, de 20 anos, colombiana, e Vicent Navarro, de 22, panamenho, desavisados, foram até o zoológico e o encontraram trancado. Este foi o único planejamento do casal para passeio na cidade no dia. "Agora não sabemos o que fazer hoje. Mas também não valeria a pena visitar animais maltratados e em uma situação ruim", ressalvou a jovem.