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PF prende em São Paulo mulher de suposto lobista da Operação Zelotes

Placa do prédio da Receita Federal em Brasília - Sergio Lima/Folhapress
Placa do prédio da Receita Federal em Brasília Imagem: Sergio Lima/Folhapress

Em São Paulo

18/01/2016 19h30

A Polícia Federal prendeu na tarde desta segunda-feira (18), em São Paulo, a empresária Cristina Mautoni, acusada de integrar esquema de compra de medidas provisórias no governo federal investigado na Operação Zelotes. Ela foi detida em sua residência, no bairro do Morumbi, onde se recupera de uma cirurgia nas pernas. Segundo a defesa, Cristina foi levada em cadeira de rodas.

A ordem de prisão foi dada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília, responsável pelos processos da Operação Zelotes. Cristina é mulher e sócia do suposto lobista Mauro Marcondes Machado, atualmente preso preventivamente na Penitenciária da Papuda, em Brasília, por suspeita de operar suposto pagamento de propinas a agentes públicos para viabilizar as MPs. O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo em outubro.

Mauro e Cristina são réus em ação penal que apura o suposto envolvimento do casal em corrupção ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Conforme denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal, os dois operaram esquema de pagamento de propina para conseguir a edição, pelo governo, e a aprovação, pelo Congresso, de medidas provisórias que concediam incentivos fiscais a montadoras de veículos.

Como revelou o jornal, a Marcondes e Mautoni Empreendimentos, empresa que pertence ao casal, fez pagamentos de R$ 2,5 milhões à LFT Marketing Esportivo, do empresário Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula. Os investigadores da Zelotes suspeitam que os repasses tenham ligação com as medidas provisórias. Luís Cláudio sustenta que os valores se referem a serviços de consultoria prestados em sua área de atuação, o esporte.

Na segunda-feira (11), antes de a PF pedir a prisão de Cristina, o lobista recebeu a visita do delegado Marlon Oliveira Cajado, um dos responsáveis pelas investigações. O advogado do casal, Roberto Podval, disse à reportagem que, no encontro, o policial "chantageou" seu cliente para que fizesse acordo de delação premiada. Conforme o defensor, a colaboração foi proposta como uma forma de Mauro Marcondes evitar a transferência de Cristina para uma unidade prisional.

Procurada, a assessoria de imprensa da PF informou que o delegado não comentaria as declarações do advogado.

O advogado Roberto Podval disse que vai entrar com habeas corpus no TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1.ª Região) para tentar tirar Cristina Mautoni da prisão fechada. Ele vai argumentar a "absoluta falta de necessidade e de humanidade". "O sr. Mauro Marcondes tem oitenta anos de idade. Com a prisão da mulher, uma menina de apenas 14 anos vai ficar em casa, sem pai e sem mãe, um ato absolutamente desnecessário", afirma Podval. "Nada existe nos autos, não há qualquer razão que justificasse essa prisão da sra. Cristina Mautoni."