Conselho proíbe veterinário de atender cães de graça em São Carlos
Inconformado, Camargo postou nas redes sociais um vídeo gravado no momento em que ele foi abordado pela fiscal do CRMV. Ela fez várias advertências e entregou a ele um código de ética. A postagem 'viralizou' e chegava a 6 milhões de acessos na tarde desta terça-feira, 2. "Quando a fiscal chegou, pensávamos que ela ia nos dar um prêmio pelo nosso trabalho", contou a mulher do veterinário, Aline Garcia Pereira, bióloga e doutora em Ciências.
Aline ajudava o marido nos mutirões que atendiam média de 30 animais por sábado. "Atendíamos das 9 da manhã às 8 da noite com toda a atenção, como se fosse uma consulta particular." Segundo ela, durante a semana era feita uma triagem para ver a gravidade e se os donos do animal não tinham condições de pagar.
Anteriormente, o casal realizava mutirões em bairros carentes. "A gente armava uma tenda e havia até fila, mas alguém alertou que não poderíamos atender em espaços abertos, por isso mudamos para a clínica", contou Aline.
Ativistas postaram uma petição pública em rede social pedindo que o CRMV libere os veterinários autônomos para dar atendimento gratuito a animais de pessoas carentes, já que esse serviço não é oferecido pelo governo. Até a tarde, 28,5 mil pessoas tinham assinado. Para o ativista Maurício Varallo, da ONG Olhar Animal, a invocação do código de ética pelo Conselho para vetar a ação de veterinários é absurda. "E a ética na relação com o público e, principalmente, com os animais?", indagou. Segundo ele, a questão é de reserva de mercado e de faturar com a doença. Varallo lembra que, em Santa Catarina, a Justiça entendeu como ilegal uma ação do CRMV daquele Estado que vedava mutirões gratuitos.
Processo
O Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo (CFMV-SP) informou em nota que o profissional foi autuado e tem 30 dias para regularizar sua situação antes de receber qualquer multa. O caso será analisado e poderá ser instaurado processo ético profissional contra Camargo. As penalidades vão desde advertência confidencial até a cassação do registro profissional. De acordo com o CRMV, a clínica está irregular por não ter registro no órgão e ele não poderia sem sequer atender regularmente. Para atender gratuitamente, o médico veterinário precisa ainda estar vinculado a uma sociedade civil, entidade, ONG ou instituição de utilidade pública.
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