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José Aníbal diz que Doria falsifica a história ao afirmar que esteve nas Diretas

De São Paulo

16/02/2016 18h01

O presidente do Instituto Teotônio Vilela, braço de formulação política do PSDB, José Aníbal, acusou na noite desta segunda-feira, 15, o pré-candidato do partido à Prefeitura paulistana João Doria de distorcer e falsificar a história.

Doria tem usado as redes sociais para destacar a ligação de décadas com o PSDB, proximidade com o falecido ex-governador Franco Montoro e participação na campanha das Diretas nos anos 1980. "Nunca vi, e tenho que falar isso porque é um testemunho histórico, o João Doria. Mas vi a carta dele à militância do meu partido, PSDB, onde ele diz que coordenou o comício da Praça da Sé, na campanha das Diretas. Eu nunca vi o João Doria, não é que ele não participava da mobilização, eu nunca vi ele em todo o processo das Diretas", afirmou o presidente do ITV, ao lembrar que ele próprio teve participação ativa do movimento pelo voto direto.

"Ele ainda diz que foi carregado em comícios em Belo Horizonte, Porto Alegre. Não pode! Isso é história, história você não pode falsificar, a história são fatos, devidamente registrados e que você, sobre eles, faz a interpretação que quiser, mas tem que ter os fatos, você não pode é distorcer os fatos", prosseguiu Aníbal, em um discurso inflamado ao participar de ato de apoio ao adversário de Doria nas prévias da legenda na capital Ricardo Trípoli.

Um dos calcanhares de Aquiles de Doria na disputa contra Trípoli e contra o vereador Andrea Matarazzo nas prévias é o fato de ele ser considerado um "cristão novo" no PSDB. O empresário é filiado ao partido desde 2000, mas nunca teve um papel ativo entre a militância tucana. Essa é também a primeira vez que tenta disputar um cargo eletivo.

Trípoli, apoiado por Aníbal e por Bruno Covas, tenta se associar a conceitos de experiência e tradição - ele destaca ter disputado oito eleições, vencendo todas. Se Andrea Matarazzo tem apoio de medalhões do PSDB, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e os senadores José Serra e Aloysio Nunes Ferreira, e Doria conta com o apoio do governador Geraldo Alckmin, Trípoli apela para a imagem do "covismo".

No evento desta segunda-feira, em um clube na região central de São Paulo, o palco era ilustrado com uma grande projeção do ex-governador. Mário Covas foi citado em praticamente todos os discursos, lembrado como líder popular do tucanato. Estrelas de menor calibre, mas ainda relevantes na legenda, marcaram presença, como o presidente estadual, Pedro Tobias, e o recém-escolhido líder da oposição na Câmara dos Deputados, Miguel Haddad.

O deputado Ricardo Trípoli também se mostra como candidato da militância. Mesmo com a chuva que causou transtornos na capital, com um nó no trânsito, o pré-candidato conseguiu lotar o auditório com mais de 300 militantes, vindos principalmente de diretórios periféricos, das zonas sul e leste: Ermelino Matarazzo, São Miguel, Itaquera, Tatuapé, Jaraguá, Saúde, Cursino, Cidade Ademar, entre outros.

A promessa de Trípoli é ser o candidato na militância, não apenas durante a campanha, mas também em um eventual governo. A parceria com Bruno Covas e com Aníbal, dois que abertamente queriam disputar mas que aceitaram apoiá-lo, também é usada como argumento de união. "Ofereço a vocês o consenso, o diálogo e a união. É tudo hoje que o partido está precisando. Não podemos imaginar o partido rachado, dividido, o nosso adversário é que está enfraquecido", disse em referência à baixa popularidade do prefeito petista Fernando Haddad.

"A militância vai participar sim do próximo governo, que é do PSDB. Eu não tenho a estrutura que os nossos adversários têm, mas tenho algo a mais que eles não têm que são vocês que vão me levar à Prefeitura. Com o partido, junto do partido e pelo PSDB. Até a vitória!", bradou ao encerrar o evento.