Delcídio cita Gleisi Hoffmann e Humberto Costa na sua delação
No acordo firmado com a Procuradoria-Geral da República para colaborar com as investigações, Delcídio avaliou que "se deve dar atenção especial" para o período no qual a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministra-chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, foi diretora financeira de Itaipu, quando vários negócios envolvendo obras teriam passado pelas suas mãos.
"O mesmo vale para as concessões do Porto de Santos, quando a mesma, como chefe da Casa Civil, teve atuação decisiva na definição das áreas leiloadas", acrescentou o delator.
Delcídio afirma ainda que é "de notório conhecimento" a relação de Gleisi com a empresa Consist. Segundo ele, a Consist acompanha a senadora e seu marido - o também ex-ministro de Dilma Paulo Bernardo - desde a época em que foram secretários do ex-governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT.
"A Consist, sempre atuou como braço financeiro dos mesmos, e como mantenedora das despesas do mandato da senadora Gleisi, nos últimos anos. Existem provas incontestáveis sobre isso", disse Delcídio aos investigadores. De acordo com ele, Paulo Bernardo sempre foi o "operador" da esposa.
No documento de delação, Delcídio também alega que o senador Humberto Costa (PT-PE) "agiu com desenvoltura" na Refinaria de Suape (PE). "Ele foi parceiro, entre outras empresas, da White Martins, que sempre contribuiu decisivamente para suas campanhas", afirmou.
Segundo o delator, o "operador" de Humberto Costa no esquema é o empresário Mario Beltrão. Além disso, Delcídio cita a proximidade do senador pernambucano com o ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa.
Delcídio deixou a prisão em 19 de fevereiro, após ter ficado quase três meses na cadeia acusado de tentar obstruir as investigações da Operação Lava Jato. O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato STF, homologou nesta terça-feira, 15, delação premiada do senador e abriu o sigilo dos autos.
Mercadante
Delcídio também entregou à Procuradoria-Geral da República gravação entre seu assessor Eduardo Marzagão e o ministro da Educação, Aloísio Mercadante (PT-SP). Os diálogos foram gravados nos dias 1, 9 e 28 de dezembro de 2015, quando Delcídio já estava preso por tentar barrar a Operação Lava Jato.
Em uma das conversas, Mercadante sugere a Marzagão que diga ao ex-líder do Governo no Senado para "ter calma e avaliar muito bem a conduta a tomar, diante da complexidade do momento político". Duas conversas foram gravadas diretamente com o ministro. A terceira, com "Cacá", assessora de Mercadante.
"Aloísio Mercadante também afirmou que, em pouco tempo, o problema do depoente seria esquecido e que tudo ficaria bem", afirmou Delcídio no depoimento. "Eduardo Marzagão mencionou que o depoente e sua família estavam gastando dinheiro com advogados e, para tanto, colocando imóvel a venda; que, naquele momento, Aloísio Mercadante disse que a questão financeira e, especificamente, o pagamento de advogados, poderia ser solucionado, provavelmente por meio de empresa ligada ao PT; que o depoente assim conclui porque este e o modus operandi do PT", prossegue o depoimento.
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