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Tribunal suíço suspeita de saldo ampliado em conta da Odebrecht

Paulo Whitaker/Reuters
Imagem: Paulo Whitaker/Reuters

Em Genebra

15/03/2016 09h42

A Odebrecht mais que dobrou o volume de dinheiro movimentado a partir de 2012 em contas secretas na Suíça controladas por empresas offshore. Os dados de documentos do Tribunal Federal Suíço obtidos pelo jornal "O Estado de S. Paulo" revelam trechos das investigações de suspeitas contra a empresa brasileira no país europeu.

Entre 2008 e 2012, US$ 42 milhões foram movimentados por três empresas offshore com ligações com a Odebrecht na Suíça. Os nomes das empresas não foram revelados. Entre 2012 e julho de 2014, o volume movimentado chegou a "pelo menos" US$ 96 milhões. Os documentos são de 21 de janeiro de 2015.

Na declaração, os suíços apontam suspeitas de que Odebrecht foi favorecida por "contratos superfaturados". Segundo o texto, ex-diretores da Petrobras indicaram que "aceitaram da empresa de construção brasileira Odebrecht propinas para garantir projetos superfaturados". "Como essas propinas eram lidadas ainda é algo que não está claro", diz o documento suíço.

Uma das empresas offshore recebeu entre dezembro de 2008 e julho de 2010 "pelo menos US$ 42 milhões". Desse total, uma parte "beneficiou ex-diretores" da Petrobras. Entre fevereiro de 2007 e março de 2010, por exemplo, esses ex-funcionários receberam US$ 3 milhões pela offshore.

No dia 26 de março de 2010, US$ 565 mil foram transferidos para um "ex-diretor da Petrobras". Seu nome também não foi revelado no documento. No total, três ex-diretores da estatal receberem US$ 8 milhões entre 2007 e 2010. Em 2011, outros dois repasses, de US$ 1,9 milhão e US$ 3,6 milhões, foram identificados.

Novos destinos

A partir de 2012, o volume de dinheiro ganhou uma nova dimensão. Segundo os investigadores, "entre agosto de 2013 e junho de 2014 pelo menos US$ 96 milhões" foram movimentados em uma das offshores na Suíça suspeitas de estar ligada à Odebrecht. O documento cita "numerosos pobras".

O foco dos investigadores de Berna é o destino do restante do dinheiro. No texto, os suíços reforçam que a empresa está sob investigação por "pagamento de propinas para influenciar políticos e executivos para alocar projetos em seu benefício".

As investigações sobre a Odebrecht serão um dos temas do encontro entre o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e seu homólogo no país europeu, o procurador Michael Lauber, nesta quinta-feira.

O MP suíço concluiu a revisão da cooperação com o Brasil no caso da Odebrecht no dia 29 de fevereiro e chegou à conclusão de que os documentos deveriam ser transferidos à Justiça no Brasil. A empresa brasileira, porém, ainda pode entrar com recurso na Corte de Apelação da Suíça. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".