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Força-tarefa da Lava Jato exige novos fatos e confissão ampla de Odebrecht

Marcelo Odebrecht, presidente da construtora suspeita de envolvimento nos crimes investigados pela Operação Lava Jato - Giuliano Gomes/Estadão Conteúdo
Marcelo Odebrecht, presidente da construtora suspeita de envolvimento nos crimes investigados pela Operação Lava Jato Imagem: Giuliano Gomes/Estadão Conteúdo

Em São Paulo

24/03/2016 08h24

Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, não abrem mão da ampla confissão do empreiteiro Marcelo Bahia Odebrecht em um eventual acordo de delação premiada. O Grupo Odebrecht tornou pública nesta quarta-feira (23) a intenção de executivos da empresa de fechar uma colaboração efetiva com os investigadores, em busca de redução de pena.

Preso desde 19 de junho de 2015 e condenado pelo juiz federal Sérgio Moro a 19 anos de prisão, no mês passado, em um primeiro processo em que foi réu, Odebrecht estaria entre os executivos que buscam acordo.

Além de confessar ter conhecimento e ascendência sobre o "departamento da propina" desvelado pela Operação Xepa - 26ª fase deflagrada na terça-feira -, procuradores da força-tarefa querem detalhes sobre a corrupção em outras obras e áreas do governo. Algumas delas já estão no radar da Lava Jato, como o setor de plataformas na Petrobras, o estádio Itaquerão, em São Paulo, o Porto Maravilha, no Rio, entre outras.

Lula

Outro ponto considerado essencial para investigadores em eventual negociação é que os executivos do Grupo Odebrecht revelem dados sobre os pagamentos de palestras, doações e reformas feitas em benefício do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, de tirar das mãos de Sérgio Moro, em Curitiba, os inquéritos envolvendo o ex-presidente, as informações podem interessar à Procuradoria-Geral da República, e não mais aos investigadores paranaenses.

Odebrecht pode negociar seu acordo tanto com a Justiça em Curitiba quanto no STF - nos casos dos processos envolvendo alvos com foro privilegiado. Na nota de anteontem, o grupo deu indicativo de que quer falar sobre doações eleitorais. "Apesar de todas as dificuldades e da consciência de não termos responsabilidade dominante sobre os fatos apurados na Lava Jato - que revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país - seguimos acreditando no Brasil", disse a nota.

A tentativa de negociação de uma delação premiada por executivos do Grupo Odebrecht começou mal, na avaliação dos procuradores da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba. Na nota de esclarecimento divulgada nesta quarta-feira, em que afirmou não existir nem sequer negociação iniciada sobre acordos de colaboração com executivos ou leniência com o Grupo Odebrecht, a força-tarefa critica a divulgação do acordo. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".