Deputado acusa Lula de "traficar interesses" em sessão na comissão do impeachment
O deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) acusou nesta sexta-feira (8), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de vir a Brasília para atuar "no que faz de melhor: traficar interesses". O parlamentar também acusou o petista de pedir ajuda para "milícia". "E quem tem milícia é bandido", disse.
A acusação foi feita durante discurso na sessão de debates do parecer do processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff na Comissão Especial do Impeachment da Câmara. A sessão, que começou por volta das 15h30, já dura mais de quatro horas e é marcada por calmaria. Até as 19h40, 15 parlamentares tinham falado.
Em sua fala, Lorenzoni ainda defendeu o impeachment da presidente Dilma. O parlamentar opositor afirmou que votar contra o afastamento da petista é concordar com os crimes de responsabilidade que a denúncia do impedimento acusa a petista e outros que a presidente tenha cometido.
Deputados pró-impeachment e contrários ao afastamento de Dilma estão se revezando nos discursos. A expectativa é de que a sessão só se encerre às 3h de sábado, podendo se estender até 4h da madrugada. Ao todo, 116 parlamentares se inscreveram para falar.
Linha sucessória
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), por sua vez, adotou a mesma linha de argumentação dos governistas, que têm focado a artilharia nos peemedebistas Michel Temer, vice-presidente da República, e Eduardo Cunha (RJ), presidente da Câmara, os próximos na linha de sucessão da presidência da República.
"A linha sucessória deste país, reconheçamos, vai de má aos piores", afirmou. Alencar acusou os defensores do impeachment de praticar "zelo orçamentário espetacular" somente agora, pois, no mais, preocupam-se, segundo o parlamentar, apenas com as próprias emendas orçamentárias.
O deputado do PSOL disse ainda que Dilma praticou, sim, estelionato eleitoral por não cumprir com o prometido em sua campanha pela reeleição, em 2014. Mas afirmou que a oposição também adotou a mesma prática.
Placar do impeachment
Levantamento diário do jornal "O Estado de S. Paulo" mostra como os deputados estão direcionando seus votos para o impedimento ou não da presidente Dilma Rousseff.
Clique aqui para conferir como está o placar (e que está aberto a mudanças)
O que acontece agora?
Discussão
Na sexta-feira, começou a discussão. Os membros da comissão podem falar por 15 minutos. Demais deputados têm dez minutos de fala
Votação na comissão
Os deputados da comissão votam se concordam ou não com o parecer. Isso deve acontecer a partir das 17h da segunda-feira (11)
Votação na Câmara
Apreciado o parecer, ele será lido na próxima sessão do plenário da Câmara, possivelmente na terça-feira (12). Depois é publicado no Diário do Legislativo e, após 48 horas, o pedido de impeachment pode ser votado pelos deputados em plenário.
O plenário da Câmara fará votação nominal dos 513 deputados (o presidente da Casa, Eduardo Cunha, do PMDB-RJ, já indicou que também deve votar) sobre o pedido de impeachment. A votação deve se estender por três dias, com início no dia 15, devendo terminar no domingo (17). Se tiver 342 deputados a favor, o pedido segue para análise do Senado
Autorização ao Senado
Comissão é formada no Senado em dois dias e tem mais dez dias de prazo para emitir um parecer
Votação no Senado
Se, por maioria simples (41 dos 81 senadores), o Senado referendar o pedido, a presidente é afastada de suas funções por 180 dias. O vice, Michel Temer (PMDB), assume interinamente
Julgamento
Ainda no Senado, são apresentadas acusação e defesa, sob o comando do presidente do STF, Ricardo Lewandowski. Para afastar Dilma de vez, são necessários 54 votos de um total de 81 senadores
Condenação
Se condenada, Dilma perde o mandato e fica inelegível por oito anos. Temer assume definitivamente para terminar o mandato para o qual a chapa foi eleita.
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