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Máfia da merenda: investigado previa 'encher Brasília de suco'

Raimundo Pacco/Folhapress
Imagem: Raimundo Pacco/Folhapress

De São Paulo

12/04/2016 10h48

Mensagens por WhatsApp resgatadas pela Operação Alba Branca revelam que a organização que se infiltrou em pelo menos 22 prefeituras do interior de São Paulo para fraudar licitações da merenda escolar planejava expandir suas atividades e negócios para Brasília.

A Operação Alba Branca foi deflagrada em janeiro de 2016 e aponta para o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Fernando Capez (PSDB). O tucano teria sido beneficiário de propinas para financiamento de sua campanha em 2014. Capez nega ligação com o grupo que fraudava licitações da merenda.

Uma mensagem capturada pelos investigadores foi enviada por Marquinhos Polícia para Cássio Chebabi, apontado como operador do esquema de compra superfaturada de suco de laranja e outros produtos de famílias agrícolas

"Agora vamos encher Brasília de suco", escreveu Marquinhos Polícia pelo WhatsApp, no dia 7 de outubro de 2014, às 22h41. "Kk, você vai ser a rainha do suco", emendou na mensagem. "Vamos, uhuuuuu", empolga-se Cássio Chebabi, que chegou a ser preso em janeiro, mas acabou em liberdade porque colaborou com as investigações.

A Alba Branca pegou uma organização que usava uma cooperativa, a Coaf, sediada em Bebedouro, no interior de São Paulo, para negociar suco de laranja com administrações municipais. O grupo mirava também em contratos da Secretaria da Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

O produto supostamente adquirido de famílias ligadas à cooperativa era vendido a preços superfaturados em um esquema de fraudes a licitações nas prefeituras.

Cássio Chebabi presidiu a cooperativa Coaf. Ele transitava com desenvoltura no Palácio Nove de Julho, sede da Assembleia Legislativa, frequentando gabinetes de diversos parlamentares, inclusive do PT e do PSDB. Os investigadores da Alba Branca querem saber qual o papel de Marquinhos Polícia no grupo.