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Quem é o padre responsável pela paróquia investigada pela Lava Jato

O ex-senador Gim Argello é levado por policiais federais para o IML de Curitiba - Heuler Andrey/AFP
O ex-senador Gim Argello é levado por policiais federais para o IML de Curitiba Imagem: Heuler Andrey/AFP

De Brasília

13/04/2016 09h32

Responsável desde 1999 pela Paróquia São Pedro, em Taguatinga, que é investigada pela Operação Lava Jato, Moacir Anastácio é considerado um dos padres mais influentes de Brasília e, não por acaso, um potencial puxador de votos para políticos.

O padre Moacir Anastácio em imagem de reprodução - Reprodução YouTube - Reprodução YouTube
O padre Moacir Anastácio em imagem de reprodução
Imagem: Reprodução YouTube

À frente da igreja simples, numa região de classe C, ele se notabilizou por realizar a Semana de Pentecostes, que, nas contas dos organizadores, reúne "3 milhões" de fiéis anualmente. Além disso, costuma atrair muita gente a missas de cura e libertação.

O ex-senador Gim Argello (PTB-DF) é frequentador da igreja há mais de dez anos e se intitula amigo do padre. A doação da OAS não foi o único favor prestado por ele à paróquia, conforme notas e reportagens anexadas pela Lava Jato ao pedido de prisão.

Em 2012, às vésperas de Pentecostes, o petebista interveio junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para evitar multa em razão de problemas na rede elétrica. Num vídeo veiculado pela comunidade religiosa, ele se intitula o "senador de Pentecostes".

Em 2014, após obter o pagamento da OAS à igreja, Gim escolheu a igreja de Taguatinga para passar o 4 de outubro, último dia antes das eleições. "Missa na Paróquia de São Pedro. Momento de repor as energias e agradecer ao Pai", comentou.

Apesar da ligação com políticos, Moacir nega dar seu apoio em eleições. "Para qualquer candidato que vá à igreja, ele faz (celebração)", afirmou o advogado padre Paulo Roberto Moreira, amigo do padre.

Nesta terça-feira (12), Moacir passou todo o dia afastado da paróquia para evitar o assédio da imprensa e rascunhar um documento com explicações ao público e à Operação Lava Jato. "Ele não sabia. Não fazia a menor ideia (de que o dinheiro pode ser propina). Disseram que podiam conseguir patrocínio e aceitou", disse Paulo Roberto.

A paróquia São Pedro, em Taguatinga (DF), é alvo da Lava Jato - Divulgação - Divulgação
A paróquia São Pedro, em Taguatinga (DF), é alvo da Lava Jato
Imagem: Divulgação

Outro lado

Em nota oficial divulgada nesta terça-feira (12), a Arquidiocese de Brasília disse esperar por mais informações a respeito de doações feitas à Paróquia São Pedro, e afirmou que as doações feitas por fiéis seguem normas estabelecidas pela legislação civil e eclesiástica.

"Aguardando mais informações sobre o fato veiculado hoje pela imprensa a respeito da doação a uma paróquia de Brasília, comunicamos que as doações dos fieis para a sustentação econômica da Igreja são acolhidas de acordo com as normas estabelecidas pela legislação civil e eclesiástica, rejeitando qualquer procedimento que não esteja de acordo com a lei e defendendo a sua rigorosa apuração", diz o comunicado.