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Mesmo com fim da crise, Cantareira abastece 15,9% a menos do que em 2014

Nacho Doce/Reuters
Imagem: Nacho Doce/Reuters

Em São Paulo

14/04/2016 13h16

Mais de um mês após o governador Geraldo Alckmin (PSDB) decretar o fim da crise hídrica em São Paulo, a quantidade de pessoas abastecidas pelo Sistema Cantareira ainda é 15,9% menor do que em janeiro de 2014, quando foi emitido o primeiro alerta público para a seca no sistema.

Segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), a recuperação dos reservatórios permitiu que o manancial voltasse a atender 7,4 milhões de paulistas em abril --número inferior, no entanto, aos 8,8 milhões de abastecidos pelo sistema há dois anos.

A produção de água no Cantareira também é inferior a antes da crise. Hoje, o sistema produz 23 mil litros por segundo --27,4% a menos do que em 2014.

À época, os reservatórios produziam 31,7 mil litros por segundo. Já a afluência do sistema, que em outubro de 2014 chegou a ser menor do que 4 mil litros por segundo, atualmente está em 23,3 mil litros por segundo, de acordo com a Sabesp.

No auge da crise, o Cantareira precisou ser socorrido por outros mananciais, como o Alto Tietê e o Guarapiranga, e chegou a atender apenas 5,4 milhões de pessoas. Em nota, a Sabesp afirma que o aumento no número de abastecidos "confirma a recuperação contínua do sistema e o fim da crise hídrica".

Quando foi feito o primeiro comunicado da crise, o principal manancial paulista estava com 23,1% da capacidade --até então o índice mais baixo dos últimos dez anos.

Atualmente, o sistema opera com 36,9% da capacidade, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (14), e não registra queda no volume armazenado de água há quase seis meses.

Bônus

De acordo com balanço divulgado nesta quinta-feira pela Sabesp, 78% dos clientes reduziram o consumo de água em março. Em fevereiro, 77% das pessoas havia economizado. Do total, 43% receberem desconto na conta de água. Já a multa por gasto excessivo da água foi aplicada a 14% dos clientes, ante 15% no mês anterior.

Adotados em 2014 para evitar desperdícios, tanto o desconto por economia quanto a multa para os "gastões" não serão mais aplicados a partir de maio.

O cancelamento dos programas foi autorizado pela Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) há duas semanas.

No pedido, a Sabesp argumentou que a atual situação hídrica permite "maior previsibilidade sobre as condições dos mananciais".

Conta mais cara

Também a partir de maio, a conta de água e esgoto da vai ficar 8,45% mais cara. Com o reajuste, a tarifa residencial normal vai subir para R$ 22,38 no consumo de até 10 m³ de água.

Por sua vez, a tarifa social, voltada para famílias de baixa renda, aumenta de R$ 7 para R$ 7,59 nessa faixa de consumo, com a aplicação do mesmo valor para esgoto.

Em nota, a Sabesp afirma que o fim dos programas "não quer dizer que os clientes não possam ter uma conta mais barata".

"Desde que haja consumo consciente da água, é possível sim pagar menos", diz a companhia. "A estrutura tarifária da Sabesp sempre valorizou o cliente que consome menos água. Isto é, quanto menor o consumo do cliente, mais barato é o metro cúbico da água, pois a estrutura é progressiva."