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Jucá defende que governo Temer discuta autonomia do Banco Central

Romero Jucá - Felipe Rau/Estadão Conteúdo
Romero Jucá Imagem: Felipe Rau/Estadão Conteúdo

Em Brasília

27/04/2016 14h50

O presidente do PMDB, o senador Romero Jucá (RR), defendeu nesta quarta-feira (27), em entrevista a correspondentes estrangeiros que um eventual governo Michel Temer discuta no Congresso uma proposta que conceda autonomia formal para a escolha dos dirigentes do Banco Central. Jucá apresentou em abril do ano passado uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com esse objetivo. "Vamos discutir (a autonomia do BC), sim, no próximo governo", disse Jucá, na entrevista concedida no gabinete da presidência do partido. Ele ressalvou que não pode dizer se a medida será aprovada pelo Congresso.

O senador disse que o BC também deveria ter como função, além do controle da inflação, o desenvolvimento da economia - em março, ele apresentou uma emenda à sua PEC para contemplar essa nova vocação da autoridade monetária. O texto está parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado à espera de designação de um relator. "O BC não pode ter leitura só monetarista", disse Jucá.

O peemedebista vem articulando com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com setores do PSDB a votação dessa proposta, iniciativa que conta com a objeção da presidente Dilma Rousseff. A tendência é que o projeto ganhe impulso caso seja levado a cabo por Temer. O principal nome para ocupar o Ministério da Fazenda, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles já se declarou publicamente favorável a essa autonomia formal.

Confiança

Cotado para assumir o Ministério do Planejamento, Jucá disse que a escolha da equipe econômica é uma decisão do presidente. Ele afirmou, entretanto, que a equipe terá de inspirar "confiança" na sociedade. O senador destacou que o titular da Fazenda terá que ter como perfil "tudo numa coisa só": um político que seja ao mesmo tempo técnico.

Jucá reafirmou que as pedaladas fiscais - um dos motivos que podem levar ao afastamento de Dilma do governo - são, sim, crime de responsabilidade. Para ele, houve "quebra" do ambiente econômico positivo e o resultado está na vida das pessoas com a alta dos juros praticados.

"Quando se tem um desemprego duplicando em um ano e meio, é fruto de crime de responsabilidade", disse ele, para quem o governo agiu de forma deliberada para "solapar" a taxa de juros e as finanças públicas.