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Membros do Conselho de Ética pressionam por celeridade no processo de Cunha

Cunha responde a processo por quebra de decoro parlamentar - Antonio Cruz/Agência Brasil
Cunha responde a processo por quebra de decoro parlamentar Imagem: Antonio Cruz/Agência Brasil

Em Brasília

04/05/2016 17h16

Membros do Conselho de Ética cobraram na tarde desta quarta-feira (4) celeridade na apreciação do processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Diante da rapidez com que o Senado vem tratando o processo disciplinar do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), os parlamentares temem que o caso do peemedebista só chegue ao plenário no segundo semestre.

Um dos deputados a apelar para celeridade foi Betinho Gomes (PSDB-PE). Para o tucano, Cunha tenta esticar o processo para concluir seu mandato como presidente da Casa e não ser julgado. "Nós estamos ainda aqui nessa peleja, ouvindo testemunhas para produzir relatório e votar quiçá no primeiro semestre. É um descaso com a opinião pública sem precedentes", reclamou. "Eduardo Cunha termina o semestre como o campeão dos políticos envolvidos na Lava Jato. E lá na Suíça tem processo. Quero ver se ele aceita uma passagem para a Suíça. Se ele for para Suíça será preso, lá ele não é parlamentar", provocou Júlio Delgado (PSB-MG), adversário político de Cunha.

O vice-presidente do conselho, deputado Sandro Alex (PSD-PR), também pediu que os trabalhos fossem apressados. "A sociedade já não pede, clama urgência na aprovação deste caso", afirmou.

O líder do PSOL, deputado Ivan Valente (SP), lembrou que o processo se estende por seis meses sem que haja sequer a votação de um relatório pela cassação e apontou o risco do caso não ser julgado antes de julho, quando acontece o recesso parlamentar. Valente pediu que o colegiado insista no depoimento de Cunha até o dia 19, término da fase de instrução do processo. "Eu só queria que Eduardo Cunha viesse depor para ver se ele tem coragem de repetir as mentiras que repete todos os dias para as câmeras de TV", disse.

O presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), disse que se não houver nada que atrapalhe o andamento do processo, colocará o tema para votar até o final deste mês. Ele, no entanto, ressaltou que espera recursos à Comissão de Constituição e Justiça ao final do trâmite no conselho. Só depois da apreciação na CCJ, o caso será levado para a presidência da Casa, a quem caberá pautar um eventual pedido de cassação.

Vídeo

Durante a sessão, Araújo exibiu um vídeo onde tenta desqualificar os autores de representações protocoladas contra ele na semana passada. Assinadas pelo prefeito de Morro do Chapéu (BA), Cleová Barreto (PSD), e pelo presidente da Câmara dos Vereadores da cidade, João Humberto Batista (DEM), os requerimentos acusam Araújo de utilizar-se de uma rádio sob sua concessão para "objetivos eleitoreiros". As representações devem ser encaminhadas para a Corregedoria da Casa.

No vídeo exibido nesta tarde, aparece um homem testemunhando sobre atos que teriam sido praticados por um dos denunciantes de Araújo. Hoje, o presidente do colegiado alegou que exibiu o vídeo para mostrar que os autores de sua representação não têm credibilidade. "Me conforta muito mostrar aos senhores deputados que quem veio fazer denúncia não merece nenhum crédito", afirmou. O temor de Araújo é que se a representação prosperar, ele será automaticamente afastado do Conselho de Ética.