'Policial precisa aprender a controlar a raiva', diz pesquisador
No momento em que o policial opta por atirar contra um suspeito em uma perseguição está acontecendo ali, acima de tudo, uma decisão emocional embasada muitas vezes por raiva ou medo.
A interpretação do cientista político Leandro Piquet Carneiro, professor da Universidade de São Paulo (USP), aponta para a necessidade de treinamento que desfaça essa prática de violência, escolhendo uma saída que, ao mesmo tempo, proteja o agente e seja mais eficaz para o sucesso da ação.
Pergunta - As reações violentas da Polícia Militar se repetem, por quê?
Carneiro - Por qualquer standard internacional, isso não tem justificativa. Furar um bloqueio ou uma perseguição, ou mesmo quando há uma reação armada em uma abordagem, a primeira recomendação, que está nos procedimentos operacionais, é para evitar o confronto.
Essa recorrência indica falha, sobretudo, de supervisão e controle do dia a dia da operação policial. Já há treinamentos nesse sentido, mas eles precisam ser reforçados com práticas continuadas. Tem de ser um processo desenhado para quebrar a resistência e transformar o padrão de resposta.
Pergunta - De onde vem essa natureza da reação?
Carneiro - Do treinamento insuficiente. O policial precisa aprender a controlar o medo e a raiva, o que é muito difícil porque são reações profundas. Submetidos a longas horas de trabalho, e muitas vezes a hábitos de vida pouco saudáveis, tudo isso pesa na hora da decisão, que é sempre difícil. A tarefa é criar respostas condicionadas, automáticas, nessa grande instituição, o que não é fácil.
Pergunta - Autoridades têm respondido no sentido de que os criminosos também têm sido mais violentos nos ataques. Como avalia?
Carneiro - Isso acontece de fato e por uma razão simples: se você consegue fugir do flagrante, dificilmente uma investigação da Polícia Civil vai te localizar e prender, o que acaba criando um incentivo de fuga. Mas uma coisa é constatar isso. Outra é achar que a resposta da Polícia Militar tem de empregar cada vez mais força na ação, o que não é uma conclusão lógica.
As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".
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