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Governo Temer reconhece a primeira derrota na Câmara

O líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-SE) - Luis Macedo/Câmara dos Deputados
O líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-SE) Imagem: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

06/07/2016 22h58

O presidente interino, Michel Temer, acusou nesta quarta-feira a sua primeira real derrota no Congresso, quando não conseguiu aprovar no plenário da Câmara a urgência constitucional do projeto que trata da renegociação das dívidas dos Estados com a União.

Inconformado com a desarticulação das lideranças dos partidos da base aliada, que não estavam presentes em plenário na hora da votação, ao ser informado da derrota, Temer telefonou para os líderes do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE) e do PMDB, Baleia Rossi (SP) para entender o que aconteceu.

O maior problema foi que muitos deputados usaram esta rejeição à aprovação da urgência para se votar contra os governadores em seus Estados, como foi o caso, por exemplo, do Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraná e Mato Grosso. O governo vai tentar votar de novo a urgência na terça-feira.

O governo constatou que mais de cem parlamentares, apesar de estarem no Congresso, não chegaram ao plenário para votar. Muitos deles eram do próprio PMDB, partido de Temer.

Nesta inesperada derrota no plenário da Câmara por apenas quatro votos, quando 253 deputados votaram a favor da urgência constitucional do projeto que trata da renegociação das dívidas dos Estados com a União e eram necessários 257 votos.

Houve ainda deputados que afirmaram que não conheciam o texto e por isso não poderiam aprová-lo. O governo e as lideranças terão um longo trabalho pela frente até a próxima terça-feira para reverter este clima negativo.

De acordo com avaliação do Planalto, a irritação de deputados, inclusive peemedebistas, contra seus governadores, acabou contaminando outros parlamentares.

No caso do Maranhão, por exemplo, eles se posicionaram claramente contra Flávio Dino (PcdoB) que é oposição ao PMDB de José Sarney, no estado.

O mesmo caso de repetiu em relação ao Paraná, onde o PMDB é oposição ao tucano Beto Richa, do PSDB, e votaram contra a renegociação da dívida para não beneficiá-lo.

"Todos estes ingredientes descambaram para uma ausência do plenário", comentou um interlocutor do presidente, ao falar sobre o descontentamento de Temer. "Foi uma série de erros", emendou, ao citar, inclusive, a ausência até de líderes do partido da base no plenário.

Em relação a outras pautas como o projeto de lei do pré-sal, que os líderes da Câmara decidiram não votar nesta semana, em comissão especial, um interlocutor do Planalto disse que o assunto está sendo ainda negociado.

O governo minimizou, ainda, a falta de acordo das lideranças partidárias no Senado que aprovou um requerimento para adiar por pelo menos três dias a votação do projeto que legaliza a exploração dos jogos de azar no País, além do adiamento da votação do projeto de resolução que fixa o limite do endividamento da União.

Corrupção

O presidente em exercício não gostou também de ter sido colocado na conta do governo a decisão de deputados de retirar a urgência dos três projetos de combate à corrupção que foram propostos pela presidente afastada Dilma Rousseff.

O governo lembrou que quem, na verdade, não tem interesse na aprovação destes projetos são inúmeros deputados e que eles estavam falando em nome próprio, mas colocando a contra no governo. Só que, o governo, por sua vez, não pode brigar com a base aliada e, então, vai ter de encontrar uma forma de negociar este tema. (Tânia Monteiro)