Moro mantém ação contra mulher de Eduardo Cunha
O juiz Sérgio Moro negou nesta segunda-feira (1º) os pedidos da mulher do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a jornalista Cláudia Cruz, para suspender a ação penal contra ela por lavagem de dinheiro e evasão de mais de US$ 1 milhão proveniente de crimes praticados por Cunha no esquema de corrupção na Petrobras.
Em seu despacho, o juiz da Lava Jato analisa ponto a ponto os argumentos da defesa de 140 páginas de Cláudia e até acata em parte alguns, como o pedido para ter acesso à íntegra do processo na Suíça que quebrou o sigilo dela e de seu marido.
Ainda assim, o magistrado afirma que "não se vislumbra" nenhum motivo para suspender o processo.
"Não tem qualquer propósito pretender acesso à integralidade do processo de investigação realizado na Suíça para questionar a sua validade perante os tribunais brasileiros", assinalou Moro, pontuando que, caso tivesse interesse em questionar aquela investigação que veio para o Brasil, Cláudia Cruz deveria contratar um advogado na Suíça para questionar o procedimento lá.
Moro também negou o pedido para colocar em sigilo a ação, mas pediu para que a defesa de Cláudia indique quais documentos que envolvem dados pessoais protegidos por lei que ela deseja colocar em sigilo. O juiz da Lava Jato também negou o argumento de cerceamento e defesa e o pedido para considerar ilegais as provas encaminhadas pela Suíça.
"Não vislumbro na longa peça (de defesa) nenhuma causa de absolvição sumária, como atipicidade manifesta ou a presença manifesta de causa excludente do crime, motivo pelo qual a instrução deve prosseguir", segue o magistrado. Ao final, Moro ainda pede que a defesa de Cláudia explique no prazo de cinco dias o porquê de ter chamado uma testemunha de Cingapura e que ela providencie as perguntas e a documentação necessária para a cooperação com aquele país.
Outro lado
A defesa da jornalista já argumentou que os recursos apontados na denúncia como tendo sido recebidos ilicitamente por Cunha passaram, nessa ordem, pelas contas Orion SP e Netherton Investments, das quais o peemedebista afirma ser usufrutuário, mas não chegaram à Kopek, em nome de Cláudia. "Os valores repassados pela Netherton à Kopek não são aqueles oriundos da Orion SP, que supostamente têm origem em vantagens ilícitas", afirmam.
"Ainda que se tenha por verdadeira e comprovada a corrupção passiva na transação envolvendo o campo de exploração de petróleo em Benin, os valores supostamente auferidos por Eduardo Cunha naquele episódio jamais foram transferidos à conta Kopek."
Os advogados alegam ainda que houve cerceamento de defesa e constrangimento legal, uma vez que não tiveram acesso à íntegra dos documentos produzidos pelas autoridades suíças. A defesa de Cláudia Cruz pede ainda a suspensão do processo até que as autoridades do país europeu enviem os documentos e a anulação da denúncia de lavagem de dinheiro.
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