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Fazendeiros são presos por envolvimento em ataque a indígenas no MS

Ìndios guarani-kaiowá levam caixão do índio morto durante conflito com ruralistas no Mato Grosso do Sul - Hélio Freitas/CampoGrandeNews
Ìndios guarani-kaiowá levam caixão do índio morto durante conflito com ruralistas no Mato Grosso do Sul Imagem: Hélio Freitas/CampoGrandeNews

De São Paulo

18/08/2016 12h32

A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (18) fazendeiros suspeitos de envolvimento em ataque a indígenas em Caarapó, em Mato Grosso do Sul. O Ministério Público Federal, por meio da força-tarefa Avá Guarani, obteve a prisão preventiva de proprietários rurais que teriam participado da ‘retirada violenta’ de indígenas da Fazendo Yvu, no município. O ataque, segundo a Procuradoria da República, aconteceu em junho deste ano e resultou na morte de um índio e na lesão de outros nove por arma de fogo.

Os mandados de prisão foram cumpridos pela PF em Dourados, Campo Grande, Caarapó e Laguna Caarapã, que também realizaram buscas e apreensões. De acordo com as investigações, os fazendeiros teriam envolvimento direto com o ataque e podem incorrer nos crimes de formação de milícia privada, homicídio, lesão corporal, constrangimento ilegal e dano qualificado.

Segundo o Ministério Público Federal, a decretação das prisões preventivas "visa à garantia da ordem pública e objetiva evitar novos casos de violência às comunidades indígenas da região - que já sofreram novo ataque, em 11 de julho, o qual deixou outros três índios feridos, dois deles, adolescentes".

"As investigações da força-tarefa Avá Guarani iniciaram logo após a morte de Clodioude Aquileu Rodrigues de Souza, alvejado por dois disparos de arma de fogo, um no abdômen e outro no peito. Em 5 de julho, a Justiça Federal de Dourados deferiu requerimento do Ministério Público Federal e expediu os mandados de prisão, que, por mais de 40 dias, aguardaram o cumprimento pela Polícia Federal", informou a Procuradoria em nota.

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Para os integrantes da força-tarefa Avá Guarani, a demora na execução da determinação judicial é reflexo da falta de priorização da questão indígena pelo Executivo em todo o País.

"Apesar da morte de um índio e da lesão de outros nove, foi necessário aguardar 44 dias para que os responsáveis pela violência fossem presos. Se não houvesse essa demora injustificada, ao menos seria possível evitar o segundo ataque à comunidade, que feriu três indígenas", anota a força-tarefa.

A Procuradoria afirma que, em 12 de junho, índios da comunidade Tey Kuê, da etnia Guarani-Kaiowá, ocuparam a Fazenda Yvu, em Caarapó (MS) - que incide sobre a Terra Indígena Dourados Amambaipeguá. No dia seguinte, agentes da Polícia Federal foram notificados da ocupação por fazendeiros que os levaram até o local.

Os policiais não encontraram reféns e foram informados pelos indígenas de que o proprietário poderia, em 24 horas, retirar o gado e seus pertences do local. Sem mandado de reintegração de posse, os Federais retornaram a Dourados.

"Frustrados da expectativa de que os policiais retirariam os índios do local, os proprietários rurais que foram presos hoje e mais 200 ou 300 pessoas ainda não identificadas, munidas de armas de fogo e rojões, se organizaram para expulsar os índios à força do local em 14 de junho. De acordo com testemunhas, foram mais de 40 caminhonetes que cercaram os índios, com auxílio de uma pá carregadeira, e começaram a disparar em direção à comunidade", afirma a Procuradoria em nota. "De um grupo de 40 a 50 índios, oito ficaram feridos e um veio a óbito. Dos indígenas lesionados, um deles continua internado."