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Prisão de Mantega é desnecessária e lembra ditadura, diz advogado

José Roberto Batochio, advogado do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, fala a jornalistas após prisão - Nacho Doce/Reuters
José Roberto Batochio, advogado do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, fala a jornalistas após prisão Imagem: Nacho Doce/Reuters

De São Paulo

22/09/2016 12h09

José Roberto Batochio, advogado do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, afirmou que "é absolutamente desnecessária" a prisão do seu cliente, decretada pelo juiz Sergio Moro. "As liberdades individuais no Brasil estão sequestradas e seu cativeiro é Curitiba", comentou o advogado.

De acordo com Batochio, a prisão de Mantega tem um caráter "surreal" porque ela teria ocorrido a partir de uma delação do empresário Eike Batista. Segundo o advogado, o ex-ministro mostrou-se estarrecido com o fato porque o acusador não mostrou provas - enquanto ele teria apresentado evidências. Ainda assim, Eike não foi preso e Mantega, sim.

Em entrevista concedida no final da manhã desta quinta-feira em Curitiba, a força-tarefa da Lava Jato informou que Eike não é delator e nem colaborador dessa operação, mas prestou depoimento espontâneo, relatando que Mantega lhe pediu R$ 5 milhões para quitar dívidas de campanha do PT.

Ainda de acordo com a força-tarefa, sendo testemunha nesta fase da investigação, e não colaborador, Eike sabia das propinas pagas pelo governo em obras de plataformas da Petrobras. Mesmo assim, os procuradores não viram a necessidade de denunciar o empresário ou pedir sua condução coercitiva neste momento.

Mantega preso - Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo - Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo
O ex-ministro Guido Mantega foi preso na 34ª fase da Lava Jato
Imagem: Marcos Bezerra/Futura Press/Estadão Conteúdo

'Regime militar'

"Essa situação lembra o regime militar, quando tudo ocorria em segredo e de repente uma pessoa era presa", apontou Batochio. O advogado narrou que, às 6 horas da manhã, recebeu um telefone de Guido Mantega, que estava próximo às dependências do centro cirúrgico do hospital Albert Einstein, dizendo que havia recebido uma ligação de casa dizendo que os policias estavam lá e queriam prendê-lo.

Segundo o advogado, Mantega se dispôs a sair do lado da sua esposa, que estava em início de processo de sedação, prestes a passar por cirurgia, dado que ela está acometida com câncer em estágio de metástase.

De acordo com Batochio, Mantega então se dispôs a ficar numa área próxima à entrada do hospital para colaborar espontaneamente quando os policiais chegassem para levá-lo. Segundo Batochio, a esposa de Mantega mesmo prestes a ser operada teria percebido a movimentação de Mantega, que estava falando no telefone por várias vezes e teve que sair do hospital de forma súbita.

O advogado do ex-ministro destacou que vai ter acesso aos autos relativos ao pedido de prisão e que seu escritório vai acompanhar o processo de Guido Mantega em Curitiba.

Enquanto Batochio conversava com jornalistas na saída da sede da PF, um grupo de manifestantes gritava palavras de ordem em apoio ao juiz Sergio Moro com a seguinte frase: "Vai faltar cadeia".

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