Moro já vê 'indícios' de lavagem de dinheiro por Palocci
O juiz Sergio Moro deu mais 15 dias para a Polícia Federal investigar a Projeto, empresa de consultoria do ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma) que a Lava Jato suspeita ter sido utilizada para lavar dinheiro de propina que ele teria recebido da Odebrecht para favorecer a empreiteira no governo federal.
Em despacho desta segunda-feira, 10, dia que venceu o prazo inicial do inquérito, o juiz da Lava Jato apontou que já existem provas e indícios de que Palocci teria lavado dinheiro.
"Apesar das provas já referidas na decisão em questão, apontando provas de materialidade de crimes e indícios de autoria em relação ao investigado, afigura-se salutar conceder mais tempo à Polícia Federal para melhor análise do material apreendido", assinalou Moro ao entender que o grande volume de documentos apreendidos pela PF na Operação Omertà, deflagrada em 26 de setembro, demanda mais tempo para ser analisado.
Palocci também é alvo de investigações em pelo menos outras três frentes da Lava Jato, sendo dois inquéritos em Curitiba e um no Supremo Tribunal Federal, que apura o envolvimento dele e de outras dezenas de políticos por suspeita de formação de quadrilha no esquema de corrupção na Petrobras.
Um dos ministros mais poderosos dos governos petistas, ao lado de José Dirceu - preso desde agosto de 2015 e já condenado na Lava Jato - Palocci foi preso temporariamente na Operação Omertà, sob suspeita de ser o elo da Odebrecht com o PT, tendo atuado supostamente para favorecer a empreiteira em diversas situações em troca de dinheiro para ele para o partido - o que é rechaçado pela defesa do petista.
A suspeita é que a Odebrecht teria repassado ao ex-ministro e ao PT R$ 128 milhões e, por isso, o juiz da Lava Jato determinou o bloqueio de bens de todos os investigados neste valor.
O sequestro alcançou a Projeto, que teve R$ 30 milhões congelados. Na semana passada, a defesa do ex-ministro pediu a liberação de R$ 79,3 mil das contas da empresa, referentes ao pagamento de despesas como impostos, salários e vale transporte para os funcionários.
Palocci foi ministro da Fazenda entre 1 de janeiro de 2003 a 27 de março de 2006 durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Assumiu o mandato de deputado federal em 1.º de fevereiro de 2007, licenciando-se, a partir de 1 de janeiro de 2011, para ser ministro-chefe da Casa Civil durante o primeiro mandato da ex-presidente Dilma. Ficou no cargo até 7 de junho de 2011.
O criminalista José Roberto Batochio, que defende Palocci, afirma que o ex-ministro nunca recebeu valores ilícitos. Segundo Batochio, as suspeitas contra o petista não passam de suposições dos investigadores sem lastro em provas.
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