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Multas por celular ao volante, aplicadas por PM de SP, aumentam 43% em cinco anos

A partir de 1º de novembro, a infração passará de nível médio para gravíssimo - Silva Junior/Folhapress
A partir de 1º de novembro, a infração passará de nível médio para gravíssimo Imagem: Silva Junior/Folhapress

Em São Paulo

17/10/2016 08h53

O total de multas por uso de celular ao volante registradas pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran) no Estado de São Paulo aumentou 43,3% entre 2010 e 2015. Os dados são relativos às infrações flagradas dentro dos perímetros urbanos. O uso dos aparelhos, segundo estudos, aumenta em três vezes o risco de acidentes.

Em 2010, foram 80.182 multas desse tipo aplicadas pela Polícia Militar, em nome do Detran. Já em 2015 o total subiu para 114.894, pelo balanço oficial obtido pelo Estado. Mas a quantidade de motoristas distraídos pelo telefone é bem maior: além do Detran, todos os órgãos de trânsito municipais, rodoviários e federais fiscalizam essas infrações.

Os números da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) da capital também mostram tendência crescente. No ano passado, foram 470,9 mil multas desse tipo - 27,7% a mais do que as 368,7 mil de 2013, último ano com dados disponíveis no painel virtual de monitoramento do órgão.

Mais cara

A partir de 1º de novembro, a infração passará de nível médio para gravíssimo. Só que nem sempre a cobrança é suficiente para mudar os hábitos. "Acho que o valor é relativamente baixo (hoje em R$ 85,13, vai para R$ 293,47), por isso as pessoas continuam usando o celular no carro. Eu mesma preciso criar vergonha na cara. Conheço a lei, sei que vai mexer no meu bolso e ainda assim a desobedeço", afirma a administradora de empresas Cláudia Pauli, de 53 anos.

No mês passado, ela foi multada por usar o celular enquanto dirigia na Vila Buarque, região central paulistana. Para Cláudia, o trânsito lento é o principal motivo para usar o telefone enquanto dirige. "Tem vezes que a gente fica horas parado. É normal dar uma olhada nas mensagens", admite.

Já o securitário Victor Luiz Del Corvo, de 35 anos, acredita que elevar o valor da multa não vai resolver o problema. "O motorista paga e leva de novo. Falta mais educação para os motoristas, ainda mais para essa nova geração, que vai tirar carta agora e já nasceu conectada."

Del Corvo diz que só recebeu multa desse tipo uma vez - por fotografar uma cena de acidente em avenida da zona norte. "Enquanto dirijo, só pego o celular em situações de extrema emergência." Para ele, o excesso de telefones no trânsito até irrita. "O sinal abre e o carro da frente não anda porque o motorista está com o celular. Aí eu meto a mão na buzina", afirma.

Alerta

Para especialistas, a alta de multas está relacionada às múltiplas funções que os aparelhos ganharam nos últimos anos - mais aplicativos e jogos, como o de caçar Pokémons, que se tornou febre neste ano. "Ler e enviar mensagens de texto, por exemplo, se tornou um dos usos mais comuns, principalmente entre jovens", diz José Antonio Oka, coordenador do Observatório Paulista de Trânsito do Detran-SP. Também houve, segundo ele, mais rigor na fiscalização. "No trânsito, temos de perceber e reagir o tempo todo. Dividir a atenção prejudica o reflexo", explica.

Pesquisa da ONG American Automobile Association Foundation for Traffic Safety indica que, ao usar o celular, o motorista fica, em média, quatro segundos sem olhar para a pista. A 90 quilômetros por hora, é suficiente para percorrer o comprimento de um campo de futebol.

O alerta também se estende aos pedestres. "Se vai atravessar a rua, é melhor não fazer isso falando ao celular", acrescenta Oka. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".