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Em depoimento, Cabral relata 'indignação' e diz ter 'consciência tranquila'

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Imagem: Reprodução/Whatsapp

Em São Paulo

21/11/2016 17h58Atualizada em 21/11/2016 20h06

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) relatou em depoimento à Operação Lava Jato, após ser preso, "indignação" e declarou ter a "consciência tranquila". O peemedebista é suspeito de ter recebido propinas milionárias sobre obras de empreiteiras no Estado durante seus dois mandatos (2007-2014). O esquema teria girado R$ 224 milhões em corrupção.

Sérgio Cabral foi delatado por executivos da Andrade Gutierrez e da Carioca Engenharia. Para o Ministério Público Federal, o ex-governador era o chefe do esquema de corrupção.

Durante o depoimento, foi dada a palavra a Sérgio Cabral. "O mesmo externou sua indignação com a situação e a afirmação dos delatores e que tem a consciência tranquila quanto as mentiras absurdas que lhe foram imputadas e que acredita na Justiça."

O peemedebista foi questionado, durante o depoimento, "se alguma vez foi beneficiado com contratos, pagamentos de propina e realização de contratos de auditorias e ou outros pelas empresas que receberam incentivos fiscais".

"O depoente esclarece que não e que toda a sua política foi voltada para o crescimento do econômico do Estado; que consigna ainda que no seu período o Estado passou de uma arrecadação de ICMS de R$ 26 bilhões para cerca de R$ 75 bilhões", disse Sérgio Cabral.

O ex-governador também foi questionado se teria pedido propina sobre obras de terraplanagem do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), da Petrobras. As vantagens indevidas foram delatadas pelos executivos Rogério Nora e Clóvis Primo, da Andrade Gutierrez.

"O declarante afirma que as declarações são inverídicas", disse. "Relata que acha que essas informações apresentadas nas delações dos retro mencionados foram para salvar as delações dos executivos da Andrade Gutierrez e Paulo Roberto Costa (ex-diretor de Abastecimento da Petrobras), desconhecendo tais fatos e sendo isso uma 'mentira'."

Governo Rosinha Garotinho

O ex-governador também declarou que a empreiteira Delta Construções "faturou valores mais elevados durante a gestão da ex-governadora Rosinha Garotinho do que durante seu mandato".

O peemedebista afirmou que sua amizade com Fernando Cavendish, dono da companhia, durou entre 2001 até 2012, "quando o governo do Estado do Rio de Janeiro, seguindo parecer da Procuradoria-Geral do Estado, acompanhou a declaração de idoneidade emitida pela CGU, com relação à Delta Construções".

"Ressalta que a Delta Construções, antes mesmo de assumir como governador do Estado, em 2007, já era a maior contratante com os órgãos público municipais e estaduais", disse Cabral.

"Nega veementemente a existência de qualquer tipo de intercessão que tenha feito para beneficiar a empresa Delta Construções para a reforma do estádio do Maracanã para a Copa do Mundo de 2014 tal como veiculado nas colaborações premiadas dos executivos da Andrade Gutierrez, como Rogério Nora e Clóvis Primo."

Fernando Cavendish, alvo da Operação Saqueador em junho deste ano, negocia acordo de delação premiada sobre supostos pagamentos de propinas a políticos do PMDB e do PSDB relacionados a obras nos governos de São Paulo, Rio e Goiás, além de estatais federais como o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e Petrobras.

Em um trecho da proposta de colaboração, o dono da Delta relata seu relacionamento com Sérgio Cabral e desvios praticados para obter contratos de obras, como a reforma do Estádio do Maracanã, do Parque Aquático Maria Lenk, na Barra da Tijuca, realizado com dispensa de licitação, e da transposição do Rio Turvo.

A relação Cabral-Cavendish ganhou holofotes quando o ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) publicou, em 2012, em seu blog, fotos do empresário, do ex-governador e de integrantes do governo carioca em momentos de descontração em Paris e Mônaco.

Nas imagens que Garotinho informava serem de 2009, Cavendish aparecia com secretários de Estado em clima de grande confraternização e alegria, todos com lenços brancos na cabeça. Além de Cavendish, no grupo estavam o então secretário de Saúde, Sergio Cortês, e o de governo, Wilson Carlos.

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