Movimento 'Muda PT' se reúne em Brasília tentando renovar direção do partido
Brasília - Cinco correntes diferentes do PT se reuniram neste sábado (3), em Brasília, em um congresso para discutir alternativas e a troca do comando do partido. Sob o nome de "Muda PT", as correntes buscam a renovação da direção partidária e uma resposta direta à corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), que está à frente do partido atualmente.
O evento é voltado principalmente para a militância, que organizou mesas de debate, mas também contou com a participação de lideranças como o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rossetto, além dos deputados Paulo Pimenta (RS) e Henrique Fontana (RS), e do senador Lindbergh Farias (RJ).
O congresso começou no dia anterior, quando também estiveram presentes o ex-senador Eduardo Suplicy, um dos fundadores do PT, o ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra, o ex-ministro Ricardo Berzoini, entre outros deputados e senadores.
Tarso Genro: reforma do partido
Um dos principais nomes do movimento, Tarso Genro, que chamava a iniciativa de "refundação do PT", brincou sobre a necessidade de mudança. "Gostava muito da expressão 'refundação', agora estou mais moderado. Vou falar em 'reforma' do nosso partido", disse.
"O que nos falta é fazer um recorte adequado da estrutura de classe brasileira e verificar quais setores podem formar um novo bloco social e político, muito diferente daquilo que nos manteve politicamente no governo Lula e radicalmente diferente do que foi no governo Dilma", afirmou o ex-governador.
Impeachment, rejeição e fiasco nas urnas
Após sofrer com o impeachment, a rejeição pública e o mau resultado nas urnas nas últimas eleições municipais, os participantes do "Muda PT" avaliam que o partido errou em alguns momentos e perdeu o diálogo com sua base. Eles procuram uma reformulação para que a legenda possa se recolocar no ambiente político, sem perder de vista pautas antigas, voltadas aos movimentos sociais e ao trabalhador.
Na análise do deputado Paulo Pimenta, o PT abriu mão de temas que estiveram na construção do partido com a expectativa de formar uma coalizão governista.
"Deixamos de lado pautas como a demarcação das terras indígenas para não brigar com a bancada ruralista, não avançamos na reforma agrária por causa da base parlamentar, não criminalizamos a homofobia por causa da bancada evangélica. Essa compreensão nos enfraqueceu com a nossa própria base, que perdeu a identificação com nosso discurso", explica.
Nova eleição para diretoria em 2017
O PT planeja eleições para mudança da direção do partido no primeiro semestre de 2017. Pressionados por uma reformulação, os diretórios estaduais já devem aderir a uma nova forma de eleição, em que os candidatos não poderão lançar suas candidaturas antes dos congressos partidários. Toda a campanha e eleição devem acontecer dentro dos eventos, sem candidaturas precipitadas. Dessa forma, integrantes do grupo "Muda PT" acreditam que será possível ter mais alternância na direção do partido.
A maior força interna do PT atualmente, a CNB, discorda das mudanças. Integrantes do "Muda PT" argumentam que, embora seja o líder da CNB, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem defendido internamente a renovação da direção partidária em todos os seus níveis.
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