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Ex-mulher de Cabral recebeu 13 vezes dinheiro de corrupção, diz denúncia

07/12/2016 21h54

Rio - A denúncia apresentada pela força-tarefa da Lava Jato do Rio identificou que a ex-mulher de Sérgio Cabral, Susana Neves Cabral, recebeu R$ 883.045 oriundos do esquema de corrupção que teria sido montado pelo ex-governador do Rio (PMDB).

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Susana recebeu ao menos 13 vezes dinheiro de recursos ilícitos da organização criminosa, entre 2014 e 2016. Susana não foi localizada pela reportagem. As investigações também identificaram que Susana e Carlos Bezerra, um dos operadores da propina de Cabral, se comunicaram em 221 ligações, nos últimos cinco anos.

A ex-mulher de Cabral teria recebido repasses em espécie por Bezerra e Carlos Miranda, outro operador, que também foi descoberto em ligações telefônicas com Susana. "Resta clara a vinculação entre Carlos Bezerra e a destinatária dos valores, ao se analisar os dados do Sittel, em que constam 221 ligações entre ambos, nos últimos cinco anos, o que confirma a função do operador financeiro no pagamento das despesas da ex-esposa de Sérgio Cabral", disseram os procuradores.

Segundo o MPF, Susana era tratada nas planilhas da distribuição da propina pelo codinome "Susi", como na do dia 23 de outubro de 2014 "26.018,00 visa Susi + carro 5.160,00 + seguro 1.647,00 = 32.825,00 + 10.000,00". Apesar dessas descobertas, os procuradores não denunciaram Susana.

Já a atual mulher de Cabral, Adriana Ancelmo, foi presa nesta terça-feira, 6, por suspeita de que o seu escritório de advocacia era usado pela organização liderada por Cabral para lavar dinheiro ilícito, com contratos fictícios com empresas ligadas ao ex-governador, além da compra de joias caras e outros artigos de luxo. Em sua casa, foram encontradas joias e R$ 53 mil em espécie.

Em depoimento para a polícia, a ex-secretária de Adriana, Michelle Tomaz Pinto, afirmou que Bezerra também comparecia ao local para a entrega de valores em espécie - as quantias chegavam a até R$ 300 mil em dinheiro, levado em uma mochila. Michelle também revelou que recebia os pagamentos das empresas sem a comprovação do serviço realizado pelo escritório.