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Oposição usa denúncias contra governo para tentar adiar votações no Senado

De Brasília

12/12/2016 20h17

Senadores da oposição vão utilizar as delações da Operação Lava Jato para defender o adiamento das votações previstas para esta terça-feira (13). Na pauta, está a apreciação em segundo turno da PEC do teto de gastos, o projeto da securitização de dívidas, a atualização da Lei de Licitações e a legalização dos jogos de azar.

Os parlamentares Roberto Requião (PMDB-PR), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) também consideram que a solução para a crise seria a convocação de eleições gerais. Requião disse que a delação do ex-executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho expõe o governo e revela a privatização do Congresso a partir de doações das empreiteiras, colocando todos os políticos em "suspeição".

"Que moral tem hoje a presidência e o seu ministério para propor qualquer medida de austeridade para o povo? Igualmente, que moral tem o Congresso para aprovar uma emenda constitucional que preserva intactos os ganhos do capital financeiro enquanto reduz à esqualidez as conquistas e os direitos populares?", questionou.

Gleisi disse que é preciso concentrar esforços para a superação da crise entre os poderes através da realização de novas eleições. "A única solução é eleições diretas. Nós não podemos ficar alheios a essa situação. Se tem um tema para discutir nessa Casa, a partir de amanhã, é como fazer eleição direta em 2017, antecipar as eleições de 2018. E eu não estou falando que é eleição somente para presidente da República, não. Vamos fazer eleição para todo mundo", sugeriu.

Os parlamentares reforçaram que Temer está com baixa aprovação e deveria deixar o cargo. Ontem, a pesquisa Datafolha revelou que a parcela dos brasileiros que consideram o governo Michel Temer ruim ou péssimo saltou de 31% para 51% de julho para dezembro.

O levantamento mostra ainda que 34% consideram a atual gestão regular e 10%, boa ou ótima. Em julho, quando ainda era interino no cargo, Temer era avaliado como regular por 42% e como ótimo ou bom por 14%. "Eles anunciam uma medida draconiana, dizem que é necessária para atrair a confiança do mercado e, assim, recursos para o Brasil, financiamentos. Mas, no outro dia, sai uma denúncia envolvendo eles todos lá no centro das denúncias. Que confiança vão trazer ao Brasil? Nenhuma (...) Temos dois caminhos a escolher: um, é deixar esse senhor lá, no Palácio do Planalto, com a crise piorando a cada dia que passa, o Brasil vivendo uma instabilidade maior a cada dia que passa; ou o caminho das eleições diretas", disse Vanessa.

Apesar do esforço da oposição, a base aliada de Temer não deve recuar e a expectativa é de que a PEC do teto de gastos seja aprovada em segundo turno amanhã. Os governistas querem promulgar a proposta antes do recesso parlamentar.