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Temer antecipa encontro com Cármen Lúcia após novo massacre em presídio

Temer deixa a casa da ministra Cármen Lúcia, em Brasília - Alan Marques/Folhapress
Temer deixa a casa da ministra Cármen Lúcia, em Brasília Imagem: Alan Marques/Folhapress

Em Brasília

07/01/2017 11h00Atualizada em 08/01/2017 09h22

O presidente Michel Temer se reuniu na manhã deste sábado (7), por cerca de duas horas e meia, com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, para tratar da crise nos presídios, agravada com os assassinatos de presos em Roraima e Amazonas.

O encontro, que ocorreu na casa da ministra, no Lago Sul, em Brasília, não estava registrado na agenda oficial de nenhum dos dois.

Temer deixou o Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência, por volta das 10h e seguiu para a reunião. Para não chamar a atenção, usou um carro prata, sem identificação, e não os tradicionais veículos oficiais pretos da Presidência da República. Ao sair, acenou para jornalistas, mas não deu declarações.

Em conversas reservadas, auxiliares do presidente comparam a guerra entre facções criminosas a um "barril de pólvora" prestes a explodir e dizem que é necessário o Judiciário ajudar a encontrar soluções para o problema da superlotação carcerária.

Temer conversou nesta sexta por telefone com Cármen Lúcia. O encontro entre os dois estava marcado para domingo, mas o presidente solicitou que fosse antecipado, diante da gravidade da situação.

O jornal "O Estado de S. Paulo", apurou que Temer está muito preocupado com o "efeito dominó" das rebeliões, que podem pipocar em várias regiões do país.

Até agora, o Palácio do Planalto não conseguiu acertar o passo na estratégia de comunicação ao indicar que a segurança pública é, em primeiro lugar, uma questão a ser tratada pelos Estados. Nos bastidores, até mesmo ministros admitem que o governo federal passou uma imagem de "omissão" logo na virada do ano.

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Na tentativa de não levar a crise para o Planalto, Temer demorou a se posicionar sobre a matança no presídio de Manaus. Depois, falou em "acidente pavoroso" e a expressão usada ganhou mais destaque do que as medidas anunciadas, como a construção de cinco presídios federais, consideradas um "factoide" até por aliados.

Ainda nesta sexta-feira, horas depois de o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, anunciar as diretrizes do novo Plano Nacional de Segurança, uma polêmica envolvendo a recusa do governo federal em enviar tropas da Força Nacional para reforçar a segurança nos presídios de Roraima, meses antes da rebelião, provocou mal-estar no Planalto.

Interlocutores de Temer atribuem a Moraes boa parte dos problemas de comunicação em relação à crise nos presídios. Na quinta-feira, minutos antes da reunião do Núcleo Institucional do governo, um ministro que participaria do encontro perguntou onde estava Temer. "Alexandre de Moraes já privatizou o presidente", respondeu outro colega, irônico, ao lembrar que o titular da Justiça é pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo.