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"Governo Cabral roubou em todas as áreas", diz procurador da Lava Jato

Sérgio Cabral foi preso em novembro passado na Operação Calicute - Rodrigo Félix/Agência de Notícias Gazeta do Povo/Estadão Conteúdo
Sérgio Cabral foi preso em novembro passado na Operação Calicute Imagem: Rodrigo Félix/Agência de Notícias Gazeta do Povo/Estadão Conteúdo

Julia Affonso e Constança Rezende

São Paulo

11/04/2017 13h19

O procurador da República Eduardo El Hage, da força-tarefa da Operação Lava Jato no Rio, afirmou nesta terça-feira (11) que a gestão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) "roubou dos cofres públicos em todas as áreas". Desde a deflagração da fase ostensiva da Lava Jato no Rio, já foram investigadas as secretarias de Obras e de Transportes. Agora é a vez da Saúde — nesta terça, a Polícia Federal prendeu o ex-secretário da Pasta Sérgio Côrtes, antigo aliado de Cabral, por suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

"Não é algo setorizado aqui no Rio, o governo Cabral roubou dos cofres públicos em todas as áreas e, até o final do ano, a gente vai mostrar isso. Essa é mais uma perna do esquema criminoso que se instalou aqui e subjugou instituições no Estado do Rio de Janeiro", disse El Hage.

A Operação Fatura Exposta, deflagrada nesta terça-feira, expediu três mandados de prisão preventiva, três de condução coercitiva, além de 41 mandados de busca e apreensão, que estavam sendo cumpridos pela manhã pela Polícia Federal, com o acompanhamento de procuradores da República.

Esta fase é mais um desdobramento das Operações Calicute e Eficiência, que vem desbaratando a organização criminosa supostamente liderada pelo ex-governador. Ele é acusado de instituir o porcentual de propina de 5% de todos os contratos celebrados com o Estado que governou. Cabral é suspeito de ter desviado mais de US$ 100 milhões dos cofres públicos "mediante engenhoso de envio de recursos oriundos de propina para o exterior".

Outro lado
 
A defesa de Sérgio Côrtes disse, por meio de nota, que o ex-secretário "tem todo interesse em elucidar os fatos atribuídos a ele e que, no momento oportuno, provará sua inocência". Procurado pelo UOL, o advogado de Iskin, Alexandre Lopes, informou que "só vai se posicionar após ter acesso ao conteúdo das investigações e delações".
 
Procurada, a assessoria de imprensa do governo do Rio de Janeiro orientou a reportagem a procurar a Secretária de Estado de Saúde. A Pasta também foi procurada, por telefone e por e-mail, sobre os contratos em vigor da empresa Oskar Iskin com o governo fluminense, mas ainda não se manifestou.
 
Por meio de nota, o Into informou que "todos os seus contratos são precedidos de licitação, conforme a legislação pertinente". O instituto também disse está à disposição para esclarecimentos que forem solicitados pela investigação e tomará as medidas cabíveis, quando tiver acesso ao processo.