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Inauguração vira palanque para Alckmin: "Têm Estado melhor do que SP?"

Igor do Vale/Estadão Conteúdo
Imagem: Igor do Vale/Estadão Conteúdo

Adriana Ferraz

São Paulo

10/05/2017 16h09

Três horas antes do início do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sergio Moro, em Curitiba, na tarde desta quarta-feira, o evento de inauguração de um centro oncológico em Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, virou palanque para o governador Geraldo Alckmin (PSDB), em busca da indicação do partido para a disputa presidencial em 2018. Acompanhado por quatro deputados estaduais, quatro prefeitos da região do Alto Tietê e pelo senador José Aníbal, Alckmin foi classificado como o homem certo para governar o Brasil.

"Algum de vocês, racionalmente, acha que têm um Estado melhor do que São Paulo? Nenhum. Temos do que nos arrepender em São Paulo? Não. Isso tem que ficar claro no momento em que o Brasil caminha para desafios importantes, em que temos de pensar com racionalidade. Quantas vezes nós acreditamos em 'salvadores'? Em duas delas tivemos de ir para o impeachment. Não queremos mais isso. Queremos um Brasil sem sobressaltos, com segurança, dizendo o que vai fazer e fazendo", afirmou Aníbal, em referência a Alckmin.

Na mesma linha, o deputado estadual Marcos Damasio (PR) afirmou que ter o governador Geraldo Alckmin como presidente do País seria um "sonho realizado" e que o parlamentar vai atuar como um "soldado" do governo. "Neste momento carrancudo, de inquietação para a nação brasileira, entregar um centro oncológico para a população é animador e nos dá a certeza de que o Brasil é maior do que a crise."

A crise econômica e o alto índice de desemprego foram lembrados por Alckmin ao longo da cerimônia de inauguração. O tucano tem se colocado como uma opção capaz de fazer o Brasil voltar a crescer e gerar vagas de trabalho, seja no poder público ou no privado. Ao longo dos últimos dez dias, o governo inaugurou três novos serviços de saúde e nomeou mais de 1,2 mil servidores, entre policiais e funcionários para a área médica.

Sobre Lula, o tucano apenas afirmou que "ninguém está acima da lei". Também citado na operação Lava Jato por, segundo delações, ter recebido doações da Odebrecht via caixa dois, Alckmin disse nesta quarta-feira estar "absolutamente tranquilo" sobre o risco de ser punido. "Se há alguém que tem 40 anos, não 40 dias mas 40 anos de vida pública, com o mesmo patrimônio e o compromisso com vida modesta, é o meu caso. Não me preocupo com absolutamente nada", disse.

Em relação à indicação do PSDB para 2018, o tucano também demonstrou paciência, mas ressaltou que está se preparando para um possível campanha. "Eleição é o ano que vem, não é agora. O Brasil não é um País fácil, mas eu me preparo permanentemente, de noite, aos fins de semana, estudando as questões, os grandes desafios, para que o partido possa ter no momento certo um grande programa para o desenvolvimento do Brasil. Nossa questão é emprego e renda, renda e emprego."

Às 20h desta quinta-feira (11), o PSDB veicula em emissoras de rádio e TV seu programa nacional. Alckmin, assim como outros caciques do partido, gravaram participação, que ainda não está certa se irá ou não ao ar. O que está certo é que o prefeito de São Paulo, João Doria, não fará parte do programa, que terá como foco o trabalho do PSDB para "reconstruir o Brasil". Segundo Aníbal, o PSDB não pode cair na armadilha de "negar a política".