Grampo gravou Aécio pedindo acesso à delação de executivo da Odebrecht
No dia seguinte à abertura de cinco inquéritos dos quais é alvo, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi flagrado pelo grampo da Polícia Federal tentando ter acesso ao inteiro teor de uma delação premiada até então mantida em sigilo pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A interlocutora com quem ele conversava na gravação ainda não foi identificada pela PF.
Aécio estava ansioso por conhecer os termos da delação do empresário Benedicto Júnior, o 'BJ', executivo da Odebrecht ligado à famosa máquina de propinas da empreiteira.
Aécio - Temos que correr atrás da delação completa do Benedicto Júnior neste final de semana, viu (inintelegível)? É fundamental para umas ações que vou entrar na segunda-feira.
Interlocutora - Eu achei um absurdo o que fizeram com a gente no STF. Nem a FSB teve acesso.
Aécio - Você não consegue isso com suas amigas não?
Interlocutora - Vou tentar. Eu e a Gabriela estamos tentando.
A conversa foi gravada pela PF às 18h42 do dia 12 de abril, uma quarta-feira. Na véspera, o ministro Édson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a abertura de cinco inquéritos contra o senador tucano.
Um dos inquéritos tem como base informações prestadas por delatores da Odebrecht, entre eles a de "BJ", ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura.
Defesa
Em nota, a assessoria do senador Aécio Neves afirmou: "O interesse do senador Aécio Neves em obter a íntegra da delação de Benedito Júnior, já não mais em sigilo à época, tinha o objetivo de comprovar que jamais existiu a acusação publicada pela revista Veja de que Andrea Neves possuía conta em Nova York para recebimento de recursos.
A divulgação do conteúdo das delações revelou que tal afirmativa nunca foi feita. Importante notar que este diálogo foi descartado do inquérito por ausência de qualquer fato significativo.
Por fim, é mais do que natural que o senador, diante da notícia de instauração de investigações contra si, buscasse mais informações a respeito, inclusive no que se refere ao seu conteúdo. Isso, obviamente, não tem qualquer conotação irregular e muito menos criminosa."
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